Lembro-me de quando os vi pela primeira vez.
Primeiro o M., depois o P., cada um numa incubadora, cada um num hospital diferente.
Não lhes senti imediatamente amor. E acho que isso me faz diferente da maioria das mães que dizem que já amam os seus filhos durante a gravidez.
Pois. Admiro isso, mas não compartilho.
Dentro da barriga, são apenas uma hipótese. Queria (como quero agora com o J.) que tudo corresse bem, evidentemente, mas a gravidez é só um meio para atingir um fim. Tenho a certeza que seria igual com uma adopção. A gravidez, para mim, é perfeitamente dispensável.
E também por isso, quando os vi, não me senti loucamente apaixonada, como estou hoje.
Chorei quando vi o M.: gordinho, apesar de apenas 2kg de gente, com umas bochechas lindas, rosado, com cabelo, de olhos fechados - o meu ideal de bébé - e tantos tubos e tantas picadas e tantos sensores à volta - de londe o meu ideal de nascimento...
Chorei por ele. Não de felicidade mas de remorsos. Por ser minha a culpa. Por ele ser tão pequenino e estar já a sofrer tanto. Por não lhe poder dar colo. Pelo meu útero ser incompetente e eu não ter podido fazer mais nada para lhe evitar aquele sofrimento.
Quando vi o P., já tinham passado mais dias porque tinha ficado num hospital diferente e o choque não foi tão grande. O meu principe loiro de olhos azuis tinha alguns sensores à volta, mas sem tubos. Pude pegar-lhe no colo, cantar-lhe canções de embalar, dar-lhe o biberão, dar-lhe banho. Senti-lo mais próximo. E com ele já não chorei. Agradeci a Deus o milagre de ter dois filhos tão perfeitos, tão saudáveis (apesar de tudo), tão lindos.
E o amor só foi crescendo com o dia a dia, com a rotina, com a presença, com os risos, com a pele.
Hoje sou tão louca por eles que não concebo a ideia de os amar ainda mais amanhã. Mas sei, de uma certeza absoluta, que amanhã os vou amar mais que hoje, e mais e mais no dia seguinte.
Porque é uma questão de pele, de risos, de choros, de descobertas, de carinhos. De magias.
Porque o amor de mãe não se esgota. Multiplica-se em cada magia construída. E cada dia que passo com eles é um dia de magia.
Pois. Posso realmente não adorar ser mãe. Mas adoro-os a eles. E isso basta-me.
Primeiro o M., depois o P., cada um numa incubadora, cada um num hospital diferente.
Não lhes senti imediatamente amor. E acho que isso me faz diferente da maioria das mães que dizem que já amam os seus filhos durante a gravidez.
Pois. Admiro isso, mas não compartilho.
Dentro da barriga, são apenas uma hipótese. Queria (como quero agora com o J.) que tudo corresse bem, evidentemente, mas a gravidez é só um meio para atingir um fim. Tenho a certeza que seria igual com uma adopção. A gravidez, para mim, é perfeitamente dispensável.
E também por isso, quando os vi, não me senti loucamente apaixonada, como estou hoje.
Chorei quando vi o M.: gordinho, apesar de apenas 2kg de gente, com umas bochechas lindas, rosado, com cabelo, de olhos fechados - o meu ideal de bébé - e tantos tubos e tantas picadas e tantos sensores à volta - de londe o meu ideal de nascimento...
Chorei por ele. Não de felicidade mas de remorsos. Por ser minha a culpa. Por ele ser tão pequenino e estar já a sofrer tanto. Por não lhe poder dar colo. Pelo meu útero ser incompetente e eu não ter podido fazer mais nada para lhe evitar aquele sofrimento.
Quando vi o P., já tinham passado mais dias porque tinha ficado num hospital diferente e o choque não foi tão grande. O meu principe loiro de olhos azuis tinha alguns sensores à volta, mas sem tubos. Pude pegar-lhe no colo, cantar-lhe canções de embalar, dar-lhe o biberão, dar-lhe banho. Senti-lo mais próximo. E com ele já não chorei. Agradeci a Deus o milagre de ter dois filhos tão perfeitos, tão saudáveis (apesar de tudo), tão lindos.
E o amor só foi crescendo com o dia a dia, com a rotina, com a presença, com os risos, com a pele.
Hoje sou tão louca por eles que não concebo a ideia de os amar ainda mais amanhã. Mas sei, de uma certeza absoluta, que amanhã os vou amar mais que hoje, e mais e mais no dia seguinte.
Porque é uma questão de pele, de risos, de choros, de descobertas, de carinhos. De magias.
Porque o amor de mãe não se esgota. Multiplica-se em cada magia construída. E cada dia que passo com eles é um dia de magia.
Pois. Posso realmente não adorar ser mãe. Mas adoro-os a eles. E isso basta-me.
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