Mais doce

O J. partiu o queixo. Já há alguns dias e já retirou os 3 pontos que levou. Ficou tudo bem e ele já nem se lembra.
Recordo-me perfeitamente do dia (da noite) em que o P. abriu a cabeça. Do buraco fundo que lhe vi na testa, a jorrar sangue. Ficou bem e ele tb já não se lembra.

Mas eu lembro de cada uma das dores que eles tiveram. E das dores do M., físicas e não só, que este é o meu menino mais sensível e mais difícil de sarar…

E ontem adormeci com os três na cama. Mão dada com o P., peito encostado ao J., braço por baixo da cabeça do M. E o M. com o braço por baixo da minha cabeça. Magoo-te filho, tem cuidado! Não magoas, mamã, deixa estar o meu bracinho debaixo da tua cabecinha… cabeça do J. do meu peito. Contas-te uma história mamã? Minha mamã lindinha… e a mão do P. muito apertada na minha. Dás-me a mãozinha mamã? Assim não tenho medo…

Amo estes meus bebés, tanto, tanto… cheguei a casa e jogamos futebol. Tentei marcar uns golos mas o M., o nosso guarda-redes quase profissional, defendeu bem. Está um guarda-redes de excepção o meu pequenote. Depois brincamos aos policias e ladroes. Eu e o J. os polícias, amarrados ao ginásio desfeito. O M. e o P. os policias: vais morrer enquanto estiveres vivo ladrão! E ou reconstróis as casas que destruíste ou vais ser atirado aos tubarões! Eu? Sim, tu mamã! Que arruinaste os meus planos! Eu? E, depois disto, o J. decidiu que afinal já não queria ser ladrão. Que seria melhor juntar-se aos irmãos enquanto policia… ah, pois, compreendo, que a morte é dolorosa e os tubarões devem ter uns dentes assustadores…
Sozinha do outro lado da barricada, então. E depois juntos fomos ver se as peras já estavam maduras e se havia mais maracujás caídos no jardim…

Ainda quando tudo está difícil, tê-los ao meu lado faz a minha vida mais doce…