Hoje, em quase final de ano, apetecia-me falar sobre o amor. Mas a verdade é que, por muitas opiniões que tenha sobre quase tudo, acho que sei muito pouco ou quase nada sobre o amor.
Nao por falta de afectos mas por incapacidade de falar sobre ele. De o teorizar.
Gosto de pensar num poema de Eugénio de Andrade, acho, que diz: "O amor é uma ave a tremer nas maos de uma criança. Serve-se se palavras por ignonar que as manhãs mais limpas nao têm voz." Nao sei se é bem assim o texto. é dos meus preferidos desde sempre, daqueles que memorizei há mais de dez anos e que continua cá, por isso é normal que as palavras já nao sejam exactamente estas.
O que me leva ao cerne da questão. As palavras. Porque as palavars são ditas e são gastas. Logo eu que gosto tanto de palavras... mas dizem-se e repetem-se e voltam a dizer-se. Gastam-se pelas vozes, pelas manhãs e pelas noites. E, a final, o que mais importa, nao é o que se diz. É a tal ideia genérica que fica, como o tal poema cujas palavras podem nao ser exacamente aquelas... Mas a ideia está lá:)
O amor é isso. Falta de palavras. Passeios de mar e de chuva. E de sol. Fotogramas analógicos. Memórias (do que foi e do que há-de vir). Histórias. estórias. sussurros. Pele. Cheiro. Instinto. Mãos. pés. imagens. ternura. companheirismo. Viagens (curtas e compridas), pela vida. Sensações. experiencias. surpresas. flores. estrelas. borboletas na barriga e no coração. luz (muita, muita luz). cores e sabores. sobrevivencia. amizade. arrumações em conjunto. aborrecimentos. zangas que passam. amuos. reconciliações. sorrisos. danças. canções. silêncios (dos que falam e nao dos que afastam). gargalhadas. Choros. esperanças. conversas. conversas. mimos. ajuda. delicadeza. fragilidades. forças. no melhor e no pior. nao abandono. porto seguro. chama. e serenidade. Nós (mais que a soma do eu e do tu). interesses. gostos. liberdade. limites. respeito. e lua. e tantos abraços.
E pronto. Gastas estas palavras, sobrarão outras que nao saberei dizer...
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