quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Ponto final

Não vou escrever mais nada triste. Não sou assim, não quero ser assim. Este é um blog de coisas alegres e bem dispostas! De histórias divertidas de uma mãe que se vê à rasca com 3 miúdos terroristas… mas que os ama de paixão…
E permitam que deixe uma coisa clara:
O V. comportou-se muito mal. Mal comigo e sobretudo mal com os filhos porque sei que o problema dele não éramos nós (enquanto casal), mas a nossa vida enquanto luta diária de paciência, de rotina, de ensinamento, de barulho e mais barulho, de falta de tempo para ter vida própria.
Portou-se muito mal, é certo e não posso perdoar-lhe o sofrimento que, de forma absolutamente inconsciente, imatura e fútil, provocou na nossa família: em mim, nos nossos filhos, nos pais dele, na minha mãe, nos nossos amigos…
Se tivesse valido a pena, eu era capaz de tentar entender. Se ele se tivesse apaixonado a sério, se nós nos déssemos mal, se a nossa vida fosse má, se tivéssemos deixado de gostar um do outro, eu até podia tentar entender, mas assim… por um motivo tão completamente fútil…não posso.
Mas, apesar disso, tenho de dizer que, como pai em part-time, tem sido um bom pai. Foi buscá-los à escola mais vezes em 15 dias do que num ano inteiro, predispôs-se a ir ao médico com o M. caso eu não tivesse tempo, tem passado alguns momentos de qualidade (ou de palhaçada, como me contou o M.) com eles.
Curiosamente, está mais presente agora. Em part-time, é certo, mas, ainda assim, presente.
E isso minimiza a minha mágoa.
Não posso dizer que é uma má pessoa porque estava a ser injusta. Não posso dizer que tivemos um mau casamento porque não seria verdade.
Durante sete anos foi um bom casamento. Durante um ano foi um casamento médio que a mim não me bastava. Nos últimos 15 dias foi uma telenovela-pesadelo, mas não posso, por estes 15 dias assumir como verdade que o V. é uma má pessoa. Que eu sei que não é. Pode até neste momento estar a sê-lo, mas eu sei que ele é uma pessoa melhor que isto.
Estou magoada e, neste blog, posso escrever o que eu quiser. Porque é meu. Mas não quero ser injusta. Nunca fui e não é agora que vou começar a sê-lo.
Não quero que a minha mágoa tolde o meu bom senso. Isto posto, a partir de agora, só volto a falar de coisas boas e bonitas!

10 comentários:

Is@ disse...

Muito bem! Quanto menos escreveres sobre o assunto, menos energias gastas com o que não vale a pena explorar.

Beijoca para os quatro

Marta disse...

Pelo menos é bom saber que enquanto pai em part-time, é um melhor pai :)
Não é mau de todo...

Quanto a ti e ao que escreves jamais imaginei que ele fosse má pessoa pelo que descreves, mas apenas imaturo para ser pai e "acartar" com as responsabilidades que isso traz a uma vida propria e á de um casal.
Não aguentou a pressão e saltou fora do barco.

Como ja te tinha dito neste momento esta a passar-se exactamente o mesmo com um exemplo proximo na minha familia, era um filho muito desejado, muito mesmo... até nascer! quando o bébé nasceu, o pai percebeu que ainda era cedo para ter filhos...como se isso podesse fazer que o bébé desaparecesse.
No entanto ela como mãe, tal e qual como tu, luta pelo bem estar do menino e pela sua felicidade :)
Por isso mais uma vez te digo que tb a ti te admiro muito.

Mas agora eu e o anjo queremos saber as peripecias desses tres terrorista e ao mesmo tempo anjinhos de coração doce :)
Que encaram o nevoeiro como um gajo mau, e que tem atitudes de gente "quexida" :)

Um enorme beijinho com muito, mas mesmo muito carinho para voces quatro

Marta disse...

Ups, desculpa o tamanho do post...

Loira disse...

é engraçado como (e, sim, vou generalizar) é tão mais fácil para os homens não se adaptarem à nova realidade de pais do que para as mulheres. Não tenho dúvidas de que o meu marido adora o filho e de que me adora a mim. Foi um bebé ultra-desejado... mas a verdade é que o casamento tremeu e muito, porque ele é mto mais egoísta e, como tal, eu raramente me posso permitir momentos de egoísmo porque alguém tem de criar, dar amor, brincar e cuidar do miúdo.
Percebo o que dizes: não significa que sejam más pessoas... não é isso. O meu marido é uma excelente pessoa, mas gosta muito mais dele do que de nós...
beijo

Mãe da Rita disse...

Um abraço grande, beijinhos nos teus amores. MJ

pascuela disse...

Um dia uma grande amiga disse-me tristemente: Acho que o meu marido não estava preparado para ser pai...Eu retorqui que não...então ele gostava tanto das miúdas, tratava delas, mudava fraldas, dava de comer, brincava com elas...não era impressão dela...estava enganada...
Mas anos mais tarde e ainda no momento presente também eu acho que o meu marido parece não ter a paciência que tinha com as outras crianças e que me deliciava, não é tolerante, perde facilmente a compostura(é uma pessoa muitíssimo calma), exige delas comportamentos de adultos...enfim parece QUE NÃO ESTAVA PREPARADO PARA SER PAI...por isso deduzo que seja fisiológicamente e psicológicamente mais difícil para eles homens a serem pais e é talvez por isso que somos nós MÃES os pilares...de coragem, tolerância, paciência e AMOR...e por isto tão importantes para os nossos filhos!!!
Espero que ambos consigam encontrar um bom caminho nesta vida e sejam e façam os vossos felizes
Muita coragem
Carla Almeida

pascuela disse...

cocó na fralda
A esquizofrenia da maternidade. Eles são o melhor do mundo mas também sabem ser o pior. Amamo-los mas, às vezes, também lhes torcíamos o pipo. Falam demais, gritam demais, pedem, exigem, cospem, esperneiam, riscam os sofás, espalham o cocó da fralda pelos cortinados, lutam, beliscam, guincham. São só crianças. Mas (quase) conseguem dar cabo da gente. Resta saber quem vence, no final. Eles ou nós?

Terça-feira, 27 de Janeiro de 2009
A vida tal como ela é


Hoje de manhã íamos no carro, depois de mais um acordar em correria, e eu sentia-me exausta, e olhei-te e estavas exausto, e lá atrás os miúdos gritavam um com o outro, É meu! Não, é meu! Ó mãe! Ele chamou-me bebé! Eu não sou bebé! E os gritos enchiam-nos os ouvidos e o sangue principiava a ferver-nos dentro das veias, sim, que eu bem senti o teu sangue ferver-te nas veias da mesma maneira que o meu, uma vontade imensa de gritar CALEM-SE C**AL*O!, e o cansaço, às 8.30, tão fundo.
Olhei para ti sem que te apercebesses (creio que estavas a entrar numa espécie de transe) e pensei: isto é a vida. A vida tal como ela é. E há poucas pessoas capazes de aguentar a vida como ela é. E quando se dão conta de que a vida não é como no Sexo e a Cidade, quando percebem que a vida não é só jantares românticos e festas e fins-de-semana em resorts de luxo, quando percebem que estão num carro, às 8.30 da manhã, completamente esvaídas, sem forças para darem um grito sequer, quando percebem, as pessoas - muitas pessoas - rebentam. Desistem. Dizem: Isto não é vida. Vou-me embora. Separo-me. Vou à procura de outra coisa. Melhor. Mais excitante. Mais glamorosa. Mais cool. A porra é que é engano. É mentira. É ficção. Daí a pouco, noutra casa, noutro carro, sentirão o mesmo. Sem tirar nem pôr. Porque isto é a vida. A vida tal como ela é. Claro que há momentos de uma felicidade que não tem tamanho nem preço nem palavras que a definam. Ah, sim, claro! Mas são momentos. Excelentes por serem isso mesmo: instantes. E a gente vai naquele carro e pensa: daqui a bocado vai ser melhor. Amanhã vai ser melhor. No fim-de-semana vai ser melhor. Nas férias vai ser excelente. Para o ano é que vai ser em grande. E vai. Mas a vida, a puta da vida, é aquele momento no carro. E a maior parte das pessoas que eu conheço não me parece minimamente preparada para aquele momento. Ou seja, para a vida.
Publicada por SMS em Terça-feira, Janeiro 27, 2009 85 comentários
VER www.cócónafralda.blogspot.com
BLOG GIRO e acho adequado a esta situação

Tudo o que eu sonhei! disse...

Bom dia!
Estive a ler atentamente tudo quanto foste escrevendo.
Um blog como o teu fala de vidas! Fala da tua vida, da vida da tua família mas, principalmente deliciam-me as estórias e conquistas dos teus três principes e a tua força, coragem e determinação enquanto mãe e "rainha" de um castelo que, sempre será preenchido com sorrisos.
E não é isso que mais importa? Não é isso que nos faz viver e correr para o futuro? Uma casa cheia de sorrisos, carregada de conquistas de três meninos tão amados e que te demonstram tanto amor.
Orgulho-me mesmo de ti. Confio na tua sabedoria e atrevo-me a dizer: o amanhã depende de nós!
Um xi coração
X

Edith disse...

Do que tenho lido também acho que o pai dos teus meninos não é uma pessoa má. Mas não entendo como é que se desiste de um casamento, dos filhos, de uma vida em comum só porque se está cansado... Será que não há mais qualquer coisa?

Força e um abraço

Paula Silva disse...

mil beijos amiga
bom fim semana