sexta-feira, 29 de maio de 2009

mais blá blá e coisa e tal


Tenho um problema grave.
Quer dizer: pensando direitinho até tenho vários problemas graves... Por ex. nao gosto de trabalhar. Nao gosto, pronto. Com este calor dá-me uma soneira e uma vontade de me ir esticar para uma qualquer esplanada na Foz, que nem vos conto...
Também nao gosto de comer. Uns geladitos ainda vá que nao vá; uns pratinhos bem feitos de quando em vez também marcham que nao fazem mal a ninguém, mas comer por rotina... é que nãoo gosto mesmo.
Também tenho o problema de me meter em coisas de que nao gosto e nao desisto a meio por teimosia - Como vocês já sabem do surf e da ginástica.
E tenho outros que agora nãoo recordo, mas o que hoje me traz aqui é o problema grave de ter opinião sobre tudo.
É que basta perguntarem seja o que for, que tenho a mania que tenho opinião. Ainda que nao perceba nada do assunto (ou seja, na maioria das vezes), acho sempre que tenho alguma coisa a dizer. O que nao faz de mim uma pessoa interessante, de todo... faz de mim, apenas, uma pessoa que fala com pilhas duracell.
E isso às vezes cansa!
Às vezes dou por mim a falar sobre coisa nenhuma e pergunto-me a mim mesmo como é que os outros me aturam. Como é que me ouvem. Como é que me lêem...
Sou chata. Nao há muito mais a dizer sobre isso.
Tanto que se não falo, canto. E até já sou eu que peço aqui aos meus coleguinhas de trabalho para porem música, para ver se ninguém tem de me ouvir...
Por isso, quando eu não parar de escrever - como agora, que, verdadeiramente, nao estou a dizer rigorosamente nada -digam-se. Mandem-me um: cala-te rapariga!
Pode ser que ganhe vergonha na cara e comece a falar menos...

Mas que duvido... lá isso duvido

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Fim de semana à porta com Serralves em festa

O fim de semana está à porta, com um tempo espetacular.
E vai ser um fim de semana de serralves em festa, o que significa sempre isso mesmo - festa.
Desde há dois anos que nao faltamos e, muito honestamente, pensei que se fosse tornar uma tradição da nossa familia a cinco.
Nao pôde ser, mas é e continuará a ser uma tradição da nossa familia a quatro. A quatro e não só porque já combinamos com a minha mãe, a minha irmã, o J. e outros amigos que, espero eu, farão parte das nossas tradições vindoiras.
Ligo muito a essa coisa das tradições. Das rotinas. Porque acho que ajudam a escrever a nossa história.
A novidade é boa, pois claro que sim, mas acho que a nossa história se escreve de muitos momentos que se repetem.
Como o cheiro a leite-creme ou rabanadas quentes no Natal. Se o sentirmos, associámo-lo a uma memoria boa e, digo eu, o nosso crescimento precisa de memórias boas.
Sempre acreditei nisso para mim e acredito nisso para os meus filhos.
Há coisas que vou querer sempre repetir com eles. Para que nunca se sintam desenraízados.
Este pic nic em Serralves, neste dia, há-de ser mais uma das nossas rotinas. Mais uma das nossas histórias. Mais uma pedrinha a fortalecer a nossa muralha.
E, depois, no domingo, o Avô cantigas vem ao parque da Pasteleira...

Mais música e mais festa... hum.... estou mesmo ansiosa!

Nova expressão culinária

Anteontem estavamos nós a fazer o jantar (sim, porque os meus bebés mais velhos adoram cozinhar), que constava de uma coisa complicadíssima - omolete.
Pedi-lhes que batessem os ovos e logo que me disse o P.:
- nao é bater, mãe, é ralhar!
- Mas, oh filho, os ovos batem-se, é mesmo assim que se diz.
- Nao pode ser mamã! Nao se bate, ralha-se. Por isso, ralham-se os ovos.

(...)

E pronto: Nova expressão culinária: ralhar os ovos!

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Miminho

Ontem, ao jantar, do meio do nada, disse-me o M.
- Tu és o meu anjo, mamã. A minha rainha.

E eu senti de imediato o meu coração tão quentinho...

Um doce o meu bébé teimoso e terrorista. Um doce.

terça-feira, 26 de maio de 2009

Vaca


A www.espacocaisdegaia.blogspot.com
Tem esta imagem com este pensamento:

O Amor é como a relva ! Planta-se e cresce ! Vem uma vaca e estraga tudo !...

E não é que concordo plenamente?
A imagem da vaca é que não é muito eclética… é que também as há de todas as raças e cores…
Bem…

Haja ao menos saúde e bom humor!

Vida real


Ontem, estava eu, depois do jantar, a arrumar os brinquedos dos meus filhos espalhados pelo chão da cozinha, quando dei por mim a pensar no quão pouco glamoroso era aquilo que eu estava a fazer.
Compreendo, de facto, que num final do dia, em que a Mulher se perde em rotinas caseiras como fazer jantar, deitar restos de comida para o lixo e arrumar brinquedos do chão, com a roupa amachucada de um dia inteiro de trabalho e de ranho e de mãos sujas, o Homem não olhe para ela com a mesma paixão e sensualidade que olhava quando ela se arranjava só para ir ter com ele. Quando se perfumava a pintava só para irem tomar café.
Essas rotinas podem, de facto, matar a paixão.
Podem. Mas não acredito que devam. Nem que seja sempre assim.
Porque na verdade, não creio que haja nada de mais intimista do que partilhar essa tarefas rotineiras depois de um dia de vida. Em que ambos podem terminar tudo em conjunto, para que seja mais rápido, ainda a tempo de se meterem os dois na cama bem quentinhos a conversar. E a namorar.
Porque não é exequível, numa vida a dois, estar o casal sempre impecavelmente vestido e cheiroso e sem nada para fazer.
E, em qualquer outra vida que se preze, o histórico há-de vir a ser o mesmo. Podem não ser os brinquedos no chão, mas há-de ser o jantar, a limpeza da casa, os restos de comida no lixo, o cão e o gato, o pó, ou seja o que mais for.
As rotinas hão-de repetir-se.
E isso é bom, caramba!
Gosto de pensar que isso faz parte de uma vida a dois. Partilhada, sentida, amada.
Sim, gosto de pensar que isso é que é a vida real.

segunda-feira, 25 de maio de 2009

E quem não salta, nao é portista!!!!!!

No Domingo fomos ao futebol, participar da festa dos campeões, carago!
Foi muito, muito bom.
Os meus filhos adoraram, como já era de esperar.
E olharam para tudo menos para a parte técnica da coisa que, obviamente, não percebem.
Assim, o M. passou a 1ª parte de costas para o relvado, embevecido com uma gaita de um adepto do Braga que, depois de muito o ver a olhar para ele, lá me perguntou, simpaticamente, se lha podia oferecer.
Bem, os olhos de felicidade dele não têm explicação.
Passou depois o resto do jogo a tocar na sua gaita cor de laranja, com um som tipo trombone aos soluços.
Uma dor de cabeça!...
O P. passou o tempo com considerações sobre tudo:Sobre as gaivotas que vieram ver o jogo e que iam fazer cocó lá do alto, sobre o arbitro que não sabe apitar e é burro, sobre os polícias, a bola amarela, as pipocas, as bandeiras e bandeirolas, os bombeiros, os médicos e basicamente sobre o mundo em geral.
Adoraram o R., que é um doce e lhes prestou atenção e vieram de lá cansados e felizes, cheios de coisas para contar ao Pai que fez o favor de nos ir buscar.
Para o ano, estaremos lá de novo, oh se estaremos!
Que isto de ser campeão é só apanhar o jeito!
E biba o Puorto!!!!!!

A surfar em grande! ou nem por isso...

Lá continuo eu nas minhas aulas de surf.
Por pura teimosia, confesso.
Porque o que eu mais quero, destas aulas, é que terminem…
Aliás, o que eu mais gosto do surf é:
1º. Sair de casa ao sábado de manhã e ir tomar o pequeno almoço à praia com um grupo de amigos:
2º tomar um banho bem quente e demorado logo que chego a casa.
3º mais nada.

Ora, pois. Que isto de surfar tem muito que se lhe diga.
Antes de mais, tem o facto de envolver água. Água muito, muito fria.
Depois, tem a questão de eu não saber nadar particularmente bem nem gostar nada de água fria…
E as ondas?
Ah, pois. O mar tem ondas! E algumas bem grandes…
E ainda por cima é preciso conseguir colocar-me em cima de uma prancha e remar.
Ter força para remar em cima da prancha é do caneco.
Estou com umas dores de braços, ombros e costas que mal aguento…
Logo eu que quando jogava matrecos não podia mexer os braços no dia a seguir, foi-me dar para um desporto completamente braçal.
Dá-me para casa uma!
Se ao menos o fato fosse bonito. E não me ficasse grande… eu ainda podia ver alguma beleza naquilo, mas nem isso…
Valha-me ao menos a G., que partilha deste meu queixume…

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Nao é ter dúvidas. É nao ter certezas. Ou ter certezas e nao querer acreditar nelas. Ou então somos todos malucos e sim. Acho que é mesmo isso


Ouve:
como é que podemos falar de amor?

E de beijos e de abraços e de falta e de saudades e de todas as cores do arco-iris?
Nao sei. Nao sei mesmo.

Porquê?


- Porquê, perguntas tu.

- Para marcar uma posição?

Podia ser. Como podia ser por um outro milhão de motivos. Mas não é.
De facto, é por um motivo bem mais prosaico: É assim simplesmente porque nada fizeste para que não fosse.


Temos gato novo na praça!


Já temos um gato.
Fomos longe buscá-lo. Mas fomos os três – Eu, o P. e o M.
O J. não participou da escolha porque infelizmente não tenho logística suficiente para andar na rua com três bebés, um deles de colo, e um gato dentro de um cesto.
O P. e o M. amaram o processo. Escolheram o gato (queriam mesmo era trazer todos), uma caminha, os brinquedos, a comida, a areia, as taças...Tudo. Foram eles que escolheram tudo e eu apenas paguei, no fim, contente por eles.
Escolheram também o nome: quico feliz.
E agora é quico para aqui, quiquinho para ali, gatão (vá-se lá saber porquê, que o gatinho é minúsculo) para acolá.
Hoje, logo que acordaram quiseram ir vê-lo e quando chegarem da escola vão dar-lhe banho.
Adoro vê-los e fazê-los felizes.

Obrigada E. e J., pela diligência e amizade.

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Porque há poemas que o tempo não apaga


"Escreve-me"


Escreve-me! Ainda que seja só uma palavra,

uma palavra apenas,

Suave como o teu nome e casta como um perfume casto d'açucenas!

Escreve-me!

Há tanto, há tanto tempo que te não vejo, amor!

Meu coração morreu já, e no mundo aos pobres mortos

Ninguém nega uma frase d'oração!

"Amo-te!"

Cinco letras pequeninas,

Folhas leves e tenras de boninas,

Um poema d'amor e felicidade!

Não queres mandar-me esta palavra apenas?

Olha, manda então...brandas...serenas...

Cinco pétalas roxas de saudade...


(Florbela Espanca)

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Então e depois da paixão?


Outro dia falava com E. sobre o casamento.
Casamento no sentido não literal, mas a ideia de viver junto, de escolher um companheiro para a vida.
Falávamos sobre como e porquê se escolhe uma determinada pessoa e não outra.
Tem que ver com Amor. E paixão. E atracção física. Sim. Acho que sim. Mas tem de ter muito mais que isso.
Recordei a minha própria opção. Porquê o V. e não outro rapaz qualquer que tivesse passado pela minha até então?
Porque o amava, claro. E porque há muitos anos estávamos apaixonados e porque nos ligávamos bem fisicamente, mas foi por muito mais que isso.
Porque a verdade verdadinha é que essa coisa da paixão e da atracção física há-de, num determinado momento, afrouxar. Não digo que termine (pelo menos no meu caso nunca terminou), mas depois de muitos anos há-de seguramente afrouxar.
E, por esse motivo, tem de haver mais alguma coisa.
A necessidade de partilha constante. A amizade. A admiração. O orgulho. Sentir que o outro é uma mais valia na nossa vida. O querer trazê-lo para o nosso mundo. Os mesmos interesses (não sempre os mesmos, mas similares), os mesmos objectivos. O mesmo traço de futuro. Um meio sócio-cultural similar. O querer ver filmes em conjunto, seja no cinema, seja no sofá e querer, depois, trocar impressões. Escreverem-se cartas. Papéis e mais papéis recheados de amor. Querer dar presentes. Querer mimar. Olhar para o outro e sentir: “ -caramba, não consigo mesmo deixar de te amar. Achar o outro bonito mesmo quando está a acabar de acordar. Ter os mesmos conceitos sobre educação, sobre a família, sobre tudo em geral. Não que não possa haver pontos discordantes. De todo. Se houver é, aliás, excelente sinal, de contrário seria um imenso aborrecimento, mas no geral, as linhas básicas de orientação, devem ser as mesmas, digo eu.
Porque afinal, depois dessa paixão passar, quando olharmos para o outro com olhos de ver, o que irá restar? Apenas o nada.
E conseguimos viver apenas com esse nada?
Duvido… mesmo.

E foi por todos esses motivos que decidi casar com o V.
Ás vezes até me esqueço dos motivos, mas sei perfeitamente porque é que foi. Porque sempre, sempre acreditei nele. Porque sempre soube que, independentemente de tudo o que nos pudesse acontecer, nos gostaríamos sempre. Poderia ser de um modo diferente, mas sempre nos gostariamos.

É certo que atendendo à minha experiência recente, estando eu a separar-me, até parece que nada do acima exposto vale de muito…

Mas continuo a acreditar nas mesmas coisas.
Continuo a acreditar que, sem o tal resto, o nada inicial é muito pouco ou quase nada.

terça-feira, 19 de maio de 2009

Visita aos afectos de uma vida


Ontem à noite, fiz assim uma espécie de visita aos meus papéis e papeluchos guardados de toda uma vida.
Quantas cartas de amor e de amizade tenho…
São caixas com esses dizeres todos, palavras, rumores, sentimentos.
Fiquei com saudades.
De todas aquelas pessoas que passaram por mim.
Algumas ainda cá estão. Outras nem por isso. Mas, neste caso, sempre com pena minha.
Porque efectivamente só troquei cartas de amor e de amizade com quem teve, num determinado momento da minha vida, importância.
E, depois de os ter lido, papéis, cartas, postais, guardanapos, restos de folhas, bases de copos, não pude deixar de ter saudades, de ter vontade de dizer amizade.
Telefonei ao V. para lhe dizer que continuo a acreditar nele, como sempre acreditei. Que sei que ele consegue ser melhor. E telefonei à S., para lhe dizer que não precisa de se preocupar, que será sempre a minha mais fiel e doce amiga.
Não telefonei à C., porque não me apetece. Mas tenho tantas, tantas, tantas cartas dela! Ainda mais que do V., e ele escrevia-me muitíssimo.
E tenho também, como já escrevi aqui, muitas saudades dela. Da nossa amizade que ia ser eterna. Que não foi. Mas o gostar sim. Porque há, de facto, uma diferença entre o manter de uma relação e o gostar. É possível continuar a gostar e não querer estar com uma determinada pessoa. Comigo e com ela é assim. Não quero estar com ela, mas continua a gostá-la. A sentir-lhe a falta.
Revi postais do RP, um amor de adolescência, do R., um amor mais maduro, muito complicado, que me fez balançar, do E., que mais parece que me amou a vida toda e cujas cartas se mantêm perfeitamente actuais, do J., um pintor poeta que me encheu o coração de poemas e do meu primeiro namorado, por quem fui apaixonada uma eternidade.
Encontrei até um postal meu, que devia ter sido enviado há mais de 10 anos e que ficou perdido no meio das minhas memórias. Já o entreguei a quem de direito…
E postais de amigas de faculdade, de liceu, da minha irmã, da minha prima T., dos meus Pais, desenhos de há mais de 25 anos… Uma viagem muito nostálgica, muito sentida.

Como é que fui perdendo algumas dessas pessoas ao longo da vida?
Nem sei bem. As circunstâncias, o tempo, o orgulho, o não querer saber, o comodismo, sei lá bem.
Mas sei que perdi sempre. Porque eram pessoas importantes para mim, sei que eram!Ainda bem que algumas foram suficientemente teimosas para ficar e outras suficientemente pacientes para voltar.

Histórias curtas

I – Há já algum tempo que o M. anda a dizer-me que tem o cabelo grande.
Ok, é um facto. Mas eu gosto. Fica assim com um aspecto castiço, muito de surfista, muito boa onda.
Este fds, estava ele com uma tesoura a fazer bricolage infantil, quando de repente, me disse:
Olha, Mãe o que eu fiz!
E eu olhei. E vi um mecha de cabelo no chão e ele com o ar mais feliz do mundo.
Oh, M. que disparate foi esse?
- Estava grande Mãe, o cabelo estava grande…

Pois. Afinal não gosta mesmo do cabelo comprido…

II – no domingo fomos a um parque coberto na Póvoa, muito giro. Chama-se Faz de conta e fez de conta que éramos todos crianças brincalhonas que se tinham esquecido de crescer.
São muitas crianças, sim. Mas nada que não seja possível de gerir, com muita atenção, disponibilidade e muito amor.

III – Os meus filhos P. e M. pediram-me um cão.
Gostava de lhes dar um cão. Mas não consigo. Não me acho capaz de tomar conta de mais um ser vivo naquela casa que exija tanto como um cão.
Assim, e para os compensar, decidi que lhes vou dar um gato.
Não é bem a mesma coisa, mas também não dá metade do trabalho.
Preocupam-me, naturalmente, os eventuais (?) arranhões e mordidelas, mas a verdade é que faz parte do crescimento. Faz parte e eles não são nenhuns meninos de estufa.
Um gato, sim.
Já está a ser encomendado… mas vai ser surpresa… Shiuuuuuuuu…..

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Abandono


Há pessoas que, pela sua natureza, pela sua personalidade, foram talhadas para tomar conta dos outros. E há outras que são talhadas para que alguém tome conta delas.
Eu pertenço ao primeiro tipo.
Não considero isso nem bom nem mau. É apenas um facto, uma característica.
Que, muitas vezes, se torna um fardo.
Porque esta coisa de ter de ser forte, de ser o ponto de equilíbrio é, na maioria das vezes, muito cansativo.
Claro que com isso acabo por ser mandona. Claro que sim. E sou, de facto. Mas não é apenas por ser uma característica minha. É muito mais por não ter outra hipótese.
Não sei se estou a ser clara… provavelmente não.
Mas é isso que sempre senti. Que se eu me desmoronasse, tudo à minha volta desmoronaria também.
Por isso sempre fui eu a tomar conta. A decidir. A, muitas vezes, impor.
Tornou-se um hábito. Um hábito cansativo.
Quando, tantas vezes, o que eu queria era apenas descansar. Pousar a cabeça. Ter mimos. Ter alguém a decidir por mim. Nem que fosse apenas para decidir uma coisa qualquer sem importância nenhuma. Nem que fosse apenas para eu poder ser frágil e partir-me em cacos numa noite qualquer.
Sei que no dia seguinte os apanharia e voltaria tudo a ser igual mas, apenas por uma noite, por uma fracção de segundo, gostava de ter podido partir-me.
De ter podido desfazer-me em lágrimas… de ser o barco à deriva em vez de ser sempre o porto de abrigo.
Há de facto, pessoas que, pela sua natureza, têm por destino tomar conta de outras. Sem serem heroínas ou extraordinárias. Apenas porque não podem fazer outra coisa. Porque sabem que, se o deixarem de fazer, os ponteiros do relógio começam a andar para trás. Como se, como na música, o mundo passasse a girar ao contrário. Como se o Norte vivesse nelas.

Sei que não vou deixar de ser assim. Tenho três bebés para quem eu sou o mundo. O tal Norte, o tal porto de abrigo. Sei que vou continuar a ser firme, assertiva, a lidar com a vida sem receio de errar. Sem medo de arriscar. Sem problemas a decidir.
Mas, de vez em quando, só de vez quando, vou deixar-me abandonar.
Sim… acho que está mais que na hora de, só de muito vez em quando, me deixar abandonar...

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Declarações de Amor


Hoje não paro de escrever.
Como não creio que seja por ser sexta-feira, acho que é mesmo porque estou com muita pouca vontade de trabalhar.
Tenho de fazer uma contestação aborrecida até ao final do dia e NÃO ME APETECE!
Por isso, pelo meio, lá vou escrevendo.
Agora sobre declarações de Amor.
Como já vos disse, o meu pedido de casamento não foi assim nada de original. Foi até o mais clássico possível … (que eu adorei, ainda assim…) mas o mesmo já não poderei dizer sobre declarações de amor.
Já tive várias e muitas delas muito bonitas, em momentos distintos da minha vida. Na verdade, sempre fui uma miúda de amores fortes, de paixões enormes. Nunca soube fazer nada pela metade. Tudo na minha vida tem de ser intenso, verdadeiro, senão não vale a pena.
Deve ser por isso que quase todos os meus namorados quiseram casar comigo… rapariga casadoira, diria eu… Nunca fui miúda para umas brincadeiras apenas…
Não é mau de todo, ok, mas às vezes não era necessário ser tão sério, certo?
Seja como for, e para voltar ao tema das declarações,
Vou aqui destacar duas. Uma escrita e outra verbal. A escrita, foi um poema em jeito de oração, ou antes: a oração da Ave Maria mas adaptada a mim mesma (o que, na altura, considerei uma honra enorme). Muito bonita mesmo. Vou procurar o texto e um dia destes posto-o aqui.
A outra, a verbal, foi o ter-me dito, a pessoa em causa, que, por mim, queria ser e seria uma pessoa melhor. Encanta-me esta ideia… sempre me encantou…

Agora, e porque eu sou verdadeiramente cusca, contem-me vocês: Como foram as vossas melhores e mais apaixonadas declarações de amor?

Os 50 anos da Barbie



Finalmente uma boa ideia!

Como é que nos queriam fazer acreditar que a Barbie, aos 50 anos, continuava linda, sem rugas, sem pingo de celulite, magra e cheia de curvas (apenas nos sitios certos)?

Abaixo com os mitos, pois claro!

Aos 50 anos até a Barbie é real, caramba!

Obrigada C.

Parabéns á minha Mãezoca


Hoje a minha Mãe, a avó Naná, faz anos.

E nao interessa quantos porque ela, para mim, para nós, parou no tempo.

Está aqui, está presente, é nossa. E isso é tudo o quanto precisamos saber.


Parabéns, mãezoca linda!


Obrigada por seres o nosso amparo, a nossa segurança, a nossa estabilidade.


Parabéns!

Nike ou Geox????

Como se criam dois monstrinhos de marcas:

Pergunta-me hoje o M., logo de manhã:
- Mamã, hoje vamos levar as sapatilhas de nike ou de geox?

Claro que isto tem uma explicação simples: Como são eles que vão buscar os sapatos ao armário e são quase todos da mesma cor, a forma que tenho de os identificar é pelas marcas: temos os sapatos chicco, as sapatilhas geox e as sapatilhas nike.

É uma justificação simples e justa, certo?

Mas que assusta ouvi-los dizê-lo, lá isso assusta!

A propósito da Susan Boyle

Vocês já viram a participação da Susan Boyle no concurso de talentos género ídolos, mas em Inglaterra?
Impressionante…
Já tinha ouvido falar mas só hoje me dei ao trabalho de ver o vídeo no You tube.
Impressionante, é o que vos digo.
Uma lição para a nossa arrogância, para as nossas presunções…
Impressionante, sim.

Mimos e mais mimos - que bom!


Os meus filhos P. e M. andam tão mimados…
Eu sei que sempre foram, mas agora andam especialmente queridos.
Chamam-me mamazinha, mamazita, cobrem-me de beijos e abraços (ontem o M. queria até que eu lhe desse um beijo nos dentes… porque estavam lavadinhos e cheirosos…), logo que acordam sobem para o meu colo, deitam-se em cima da minha barriga como quando eram bebés, puxam a minha cara para a deles, enroscam-se em mim.
Hoje o M., assim que acordou, deu-me um abraço e um beijo e disse-me:
- um beijinho e um xi-coração de bom dia, mamã!
E o P. começou a cantar-me uma canção.
E o J., o último a acordar, adora ficar um bocadinho (não muito…), encostadinho no meu colo, junto ao meu peito, enquanto se espreguiça e se prepara para a brincadeira.

Amo estes meus meninos de paixão. Adoro que me mimem. Adoro mimá-los. Enchê-los de beijos, de carinhos, de meiguices.
Uns doces…sim, uns verdadeiros potinhos de mel.

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Outro texto de que gosto muito




Também gosto muito deste texto. Ora vejam lá:




"É o cheiro que me entontece.
Não apenas o cheiro, mas muito.
Cheiro a homem. A macho que fuma, que trabalha, que ama – com meiguice, com violência -, que chora se sofre. Que ri, se feliz. Que vive. Muitas vezes no limbo, mas que arrisca, que decide, que vive.
São as mãos que me enlouquecem.
Não apenas as mãos, mas muito.
Mãos de pessoa. Que mexem, que tocam, que acariciam.
Com maciez de menino mas autênticas.
Mãos que apertam, que mordem. Mãos reais. Que me fazem sentir real.
É a voz que me apaixona.
Não apenas, mas muito.
Voz rouca, verdadeira. Voz cheia, redonda, completa, de quem sabe bem aquilo que quer.
Voz que sussurra o meu nome. Na qual me abandono sem pesar. Voz de murmúrios, de gritos, de palavras, de paixão, de desamor. Voz de abraços, de aconchegos. Voz que fala de amor.
Os olhos.
Ah, sim, os olhos.
Não só, mas também.
Pelos olhos que me encantam, que me apreciam, que me despem e devoram, que entram por mim sem pedir. Que espreitam, que escrutinam, que acertam, que mimam. Que serenam.
Por inteiro.
Sim, por inteiro. Chegou e ficou. Rasgou memórias, preconceitos, ficou.
E aquele cheiro…
Não, não é tudo. Mas é muito…"

Uma das músicas mais bonitas do mundo


Valsinha
Martinho da Vila
Composição: Chico Buarque / Vinícius de Moraes


Um dia ele chegou tão diferente

Do seu jeito de sempre chegar

Olhou-a de um jeito muito mais quente

Do que sempre costumava olhar

E não mal disse a vida tanto

Como era o seu jeito sempre falar

E nem deixou-a só num canto

E pra seu grande espanto

Convidou-a pra rodar

Aí, ela se fez bonita

Como há muito tempo

Não ousava usar

O seu vestido decotado

Cheirando a guardado, de tanto esperar

Então os dois deram-se os braços

Como há muito tempo, não usavam dar

E cheios de ternura e graça

Foram para a praça, começaram a se abraçar

Aí, dançaram tanta dança

Que a vizinhança toda despertou

E foi tanta felicidade

Que toda cidade se iluminou

E foram tantos beijos loucos

Tantos gritos roucos

Como não se ouviam mais

E o mundo compreendeu

E o dia amanheceu

Em paz



Esta é, para mim, uma das músicas mais bonitas de sempre. Ainda bem que o Vinicius e o Buarque foram capazes de escrevê-la. Ainda bem que a pude ouvir. Já nao o ouço há muito tempo, mas sei que existe...

Adoro o texto. Lindo de morrer.


Estás a ver, E.? Em resposta ao "Mulheres", esta é, para mim, ainda mais bonita...

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Kitty para a G.


Esta imagem é para a menina G., que eu sei nao vai ler este meu blog...
Apesar disso, é uma princesinha linda que merece tudo de bom.
E hoje apetecia-me mimá-la.
Beijinhos, princesa

terça-feira, 12 de maio de 2009

Indiferença


Nao tenho dúvida de que a indiferença é, às vezes, a melhor resposta.
Muitas vezes é, aliás, a única possível.

Sim... Vou tentar nao me esquecer disso....

segunda-feira, 11 de maio de 2009

A minha primeira aula de surf


E para terminar os meus posts de hoje:
Sábado tive finalmente a minha primeira aula de surf.
Pois é. Quem diria! Eu a fazer surf.
Logo eu que detesto exercicio fisico. E que detesto água fria. E ondas. e que nao sei nadar particularmente bem. e que nao gosto de frio. Já disse que detesto mesmo o frio?
Bem, as minhas expectativas eram tão, mas tão baixas que só podia ter corrido bem!
Qd me vi vestida com um fato que, apesar de ser o S me estava grande, metida num mar absolutamente gelado, com a àgua a queimar-me os tornozelos de tão fria que estava, só pensei: como é que eu me meti nisto?
Mas depois, tudo correu bem.
Claro que dei muitos mergulhos, que bebi àgua do mar suficiente para fazer uma piscina em casa, que mal consegui fazer meia dúzia de vezes a "mola" (que bem... até já sei um termo surfista...) e que nao me imagino a colocar de pé na prancha... mas foi realmente giro.
Ainda bem que apesar das milhentas vezes em que pensei desistir, me mantive neste plano, por pura teimosia.

Sim, como acabou de me dizer ainda agora a J., "vale sempre a pena experimentar coisas novas".

Vale mesmo. (pelo menos se forem giras e nao façam mal a ninguém...)

Aprender a educar


Ainda aqui nao falei sobre a minha "sessão" de quinta-feira passada com a Drª Lurdes Veríssimo.

Para quem nao sabe ela é coordenadora do curso "aprender a educar" da católica (pelo menos no Porto), que pretende orientar os Pais nessa coisa difícil que é a educação.

Eu já tinha ido a uma sessão sobre o tema "regras e limites. Castigos e recompensas" e agora, curiosamente, a escola do P. e do M. decidiu oferecer aos pais uma sessão sobre o mesmo tema.

Apesar de já a ter ouvido falar, fui outra vez porque gosto sempre de ouvir falar quem sabe que eu.

Aprende-se sempre qualquer coisa, ainda que nada do que ela diz seja novidade. Gosto de a ouvir. Gosto de perceber que há muitos outros Pais que passam pelas mesmas dificuldades, que têm as mesmas dúvidas que eu.

E gostei sobretudo que, a meio da conversa, ela tenha referido que o filho dela andou naquela escola, que tem excelentes recordações daquele espaço e que "isto sim, é uma escola."


Fiquei mesmo contente. Se ela, que é entendida na matéria, optou por aquela escola e ainda hoje lhe tece rasgados elogios, devo ter feito uma boa escolha...

Evidentemente que acho que fiz, mas foi bom ouvir isso.


Muito recompensador...

Quero mesmo acreditar em Astrologia!

Seguindo a sugestão da Mãe da Tiz, fui ver o que o site personare dizia sobre o meu modo de ser mae, segundo o dia, hora e local de nascimento. Ora aqui vai:

MÃE ELEGANTE, VAIDOSA E INTERESSANTE
A mãe com o signo lunar em Libra, além de ser profundamente elegante, tem uma aptidão nata para encontrar soluções diplomáticas. Interessada em artes e cultura, essa mãe é um exemplo a ser seguido sob vários aspectos. É alguém com desejos de agradar, em todos os planos, e isso a torna uma ótima mãe. Mesmo tendo que se dedicar a cuidar dos filhos, ela ainda encontra tempo para se fazer bonita e interessante. Essa mãe é uma sedutora!

Convenhamos que nao é mau de todo... Boa Mãe e sedutora...que boas notícias!

Pois é: também tenho dias maus, porque nao?


Claro que há dias piores que outros.
Como podia não haver?
Há dias que, efectivamente são piores que outros.
Há dias em que balanço. Em que penso em como as coisas podiam ser diferentes. Em como as escolhas podiam ser diferentes.
Há dias em que me custa respirar. Em que mal consigo acreditar na imaturidade, na incoerência, na instabilidade…
Há dias em que realmente é difícil perceber como é que eu ainda posso pensar, sequer, em balançar…
Será que a estupidez humana tem limites? Será que a minha estupidez tem limites?
Eh, pá, há dias em que fico mesmo zangada.
Á merda com os discursos bonitos, com as palavras, com as lágrimas no canto do olho.
Á merda com os crocodilos!
Venham as pessoas a sério. As pessoas de verdade que sabem o que querem, que dizem o que efectivamente sentem, que agem de acordo com o que dizem. Que lutam pela mudança. Que decidem caramba!
Irrita-me tanto a incongruência!
Uma vez por outra, vá que não vá… mas a insistência nessa postura mascarada de coitadinha… mata-me. A sério!
É outro dos meus ódios de estimação.
Gosto de coisas claras, perenes, transparentes. Coerentes.
Há dias piores que outros.
Em que o peito teima em não querer deixar o ar passar.
Merda!
Ainda bem que há os dias melhores…e que são muitos…

Sobre o filme "marley & eu" ou sobre como um post se pode tornar realmente grande

Ontem fui, acho que pela primeira vez em toda a minha vida, sozinha ao cinema.
Fui ver o filme “Marley & eu” e, vá-se lá saber porquê, fartei-me de chorar.
É certo que não estavam assim muitas pessoas na sala, mas é certo também que acho que só eu é que chorei…
Primeiro porque sou, de facto, chorona e depois porque lido muito mal com o sofrimento, mesmo que seja em filme e não me diga, aparentemente, nada.
A minha Mãe diz que nisto sou parecida com o meu Pai. A maior parte das vezes prefiro não saber do sofrimento. Por isso raramente vejo telejornais ou ouço notícias menos agradáveis. Claro que não é por eu ignorar as coisas que elas desaparecem – bem sei. Mas posso pelo menos afastá-las um bocadinho. E, se um dia, essas coisas más me baterem à porta, cá estarei para lidar com elas. Enquanto for na porta alheia, deixá-las lá.
Bom, isto a propósito do filme que acompanha a vida de um cão, o “marley” (como o Bob) na vida de um casal.
Tem muitas coisas curiosas: O facto de o cão ser indomável, o facto o marido do filme ter comprado o cão para acalmar o desejo da Mulher de ter filhos, o facto de esse casal acabar por se ver com três filhos (o segundo e terceiro, nitidamente por acaso), o facto de ambos terem abdicado de muita coisa em prol desses filhos e dessa ideia de família.
A certa altura o marido pergunta à Mulher se ela é feliz, uma vez que nada daquilo que tinham correspondia ao plano que tinham traçado e ela responde que apesar de nada corresponder ao plano dela, o que tinham ultrapassava em muito o planeado. Que não se arrependia, por um momento, das concessões que tinha feito, das coisas de que tinha desistido. Que sim, era feliz.
E não pude deixar de pensar que aquilo pelo qual eu e o V. passamos se repete em tantos e tantos casais. Que são ultrapassados pela própria vida. Afinal é tão comum…
Nós é que, do alto da nossa ignorância e presunção, pensamos sempre que somos melhores que os outros, que a nós nunca nos vai acontecer.
Porque acontece. Muitas e muitas vezes. A diferença está no modo como se encaram as frustrações, as desistências, as concessões e se vê (ou não) a magia do que se ganhou em troca.
Felizmente sempre consegui ver isso. Apesar de nunca ter sido o meu plano ser uma burguesinha com três filhos, sempre consegui ver a beleza e a magia do que ganhei em troca. Posso não ter ido salvar pessoas para Moçambique como tantas vezes sonhei. Posso não ter uma vida admirada pelos outros pela grandeza dos meus actos, mas tenho, em troca, uma família linda e doce que todos os dias me aquece a alma.
Ando há três anos a adiar uma pós graduação da qual começo a sentir muita falta, ando há três anos a adiar viagens que sei só vou poder fazer daqui a muitos anos, ando há três anos a adiar muita coisa que vou ter de adiar ainda por mais algum tempo mas, em contrapartida, quando tenho de manhã, na minha cama, três pares de braços e três pares pernas em cima de mim e ouço os meus bebés dizer, contentes, “- cabemos todos aqui mamã, que bom!” sei que não preciso de mais nada na minha vida.
E que, por muito que tenha ainda de desistir de outras coisas que são ou serão importantes para mim, enquanto os tiver comigo, não terei nenhum arrependimento.
Sim, não era este o meu plano. De todo. Mas ultrapassa em muito, pela positiva, tudo aquilo com que sonhei.

O filme acaba com a seguinte pergunta: Quantas pessoas nos fazem, de facto, sentir, extraordinários?

Pensem nisso. Quantas pessoas vos fazem sentir, de facto, extraordinários????
São essas as pessoas que devemos amar incondicionalmente. Que devemos estimar, reconhecer e guardar bem juntinho de nós. São essas pessoas que devemos acompanhar sempre que nos for possível. Porque a vida é tão curta…
Não vale mesmo a pena se não for vivida ao lado de quem nos fizer sentir pessoas extraordinárias…. Digo eu, sei lá!

quinta-feira, 7 de maio de 2009

blá, blá blá e coisa e tal


Eu sei que não devia dizer isto, mas os meus filhos são tão chatos que até a mim me cansam…
A sério! São tão absorventes que se fossem papel de cozinha eu nunca tinha nada molhado em casa…
Nunca se calam. Querem saber tudo, falam sobre tudo, têm opinião sobre tudo.
São curiosos, pedem explicações, cansam-se até à exaustão.
Fico mais extenuada em duas horas com eles do que num dia inteiro de trabalho intelectual intenso.
E depois, só querem a minha opinião. Porque se perguntam qualquer coisa e, por ex., o Pai responde, isso não os convence. Imediatamente a seguir perguntam-me a mesma coisa e só a minha opinião os cala.
Juro. É mesmo cansativo ter dois putos a exigir respostas o tempo todo, mais um a caminho.
Sim, porque o J. vai ser igual ou pior. Com 14 meses já tem a mania que é gente e já bate o pé e faz birra quando não se lhe faz a vontade.
Com o bater o pé e a birra sei eu lidar, mas não posso evitar que os meus filhos sejam miúdos curiosos, tagarelas e inteligentes.
Claro que é óptimo saber que são miúdos espertos, que percebem conceitos que na idade deles não é habitual, mas isso é à custa de muita, muita paciência… e uma grande dose de bom humor…

E há, de facto, dias, em que só me apetecia, como diria o meu colega A., ter uma arma tranquilizadora que disparasse um daqueles tiros certeiros e pum… no more crianças barulhentas durante umas fracções de segundo….
Tinham de sair à mãe logo nisto, tinham?????

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Sobre o fim de semana


Ainda aqui não falei no nosso fim de semana. É que tenho tanta coisa para escrever que até me custa começar. Mas ora vamos lá fazer um resuminho:
1ª constatação: quem inventou fins de semana de três ou mais dias não foi decerto uma mãe de três filhos bebés. È que é mesmo cansativo! A sério! Cheguei na segunda feira ao trabalho com uma boa disposição… ainda bem que existe o trabalho… e que os fins de semana só têm dois dias!...
2ª constatação: Ok, não foi assim tão mau! É certo que foi cansativo, mas foi também delicioso.
Partilhar com os meus filhos momentos de pura diversão é realmente compensador. E todo o cansaço se desvanecia quando eles me diziam (e o P., sobretudo, fartou-se de o repetir): estão tão contente, mamã!
3º Apesar de compensador, alguém me explica porque é que o acesso aos castelos é tão difícil?????
Então e umas rampas? Ou um teleférico? E os pobres coitados que usam cadeiras de rodas não têm direito a visitar castelos? Muito mau… subir as escadas (pseudo-escadas, naturalmente) do castelo de Leiria com o J. ao colo, foi realmente extenuante.
4ª constatação: Ora então vamos lá começar pelo inicio:
Fomos para Vieira de Leiria. Para um hotel muito engraçado, mesmo em cima da praia, com umas casinhas muito coloridas, muito espaço, parque infantil, piscina climatizada e parque aquático (que não estava ainda aberto). Não conhecia mas gostei muito.
Em Leiria, visitamos a base aérea de monte real, onde vimos um avião de guerra, fomos ao castelo de Leiria (o tal das escadas, que é muito bonito e muito bem conservado) e a uma feira de Maio onde o P. e M. andaram de carrocel e os três tiveram direito a balão.
Fomos à piscina, á praia, jogamos muito á bola, andaram no parque, fartámo-nos de brincar.
Foi, de facto muito, muito bom.
Não deixou de ser cansativo (e um bocadito caro) … mas ainda assim, valeu bem a pena.


Porque o que guardamos, cada vez mais percebo isso, são as memórias. As recordações. E essas têm de ir sendo construídas paulatinamente, á medida do nosso crescimento.

O dói-dói

Outro dia, no banho, o M., sem querer, magoou o P. no pilauzito. O P. nem reparou, mas no dia seguinte percebeu que, de facto, tinha um arranhão. Disse-me ele:
- oh, mãe, tenho um dói-doi no meu pilau! Põe-me um penso….

Sim, é verdade: todas nós nos transformamos, um dia, nas nossas Mães, apesar de acharmos sempre que isso nunca irá acontecer!

Ontem, estávamos a jantar e o J. deitou um bocadinho de cereja para o chão.
Comentário do P.:
- Oh, J. isso nao se faz! nao se estraga comida porque há muitos meninos a passar fome...

E eu nao pude deixar de pensar: Quando é que eu me transformei na minha Mãe?????

terça-feira, 5 de maio de 2009

Nostalgia de terça-feira


O V. colocou esta imagem no blog dele. Uma imagem de uma praia perto de Porto de Galinhas. Praia dos Carneiros, em Pernambuco
Já não me recordava bem do nome, tive de ir ver ao Google, mas sei que era uma praia onde o mar se juntava com o rio e a água era do mais quente que já experimentei. E que aquela igreja perdida em nenhures estava cheia de morcegos
Num momento muito feliz das nossas vidas em que ambos pensávamos que iríamos ficar juntos para sempre.
E isso fez-me pensar num post da Mãe em alto mar, a propósito da falta de tempo para ela e para o marido enquanto casal, com três filhos pelo meio.
Quando o li não me apeteceu comentar, porque foi com um misto de alegria (por ela) e tristeza (por mim) que o li. Mas, depois deste tempo, já consigo escrever com algum distanciamento.
Houve, de facto, momentos em que eu pensei que eu e o V. íamos crescer e morrer juntos. E esses momentos foram uma linha contínua até há pouco mais de um ano.
Depois, de repente, afastámo-nos. Não conseguimos sobreviver no meio de tanto ruído. O V. não conseguiu encontrar, nessa confusão em que a nossa vida se transformou, a alegria de um minuto a sós comigo, em que podíamos sussurrar amor.
Não merece a pena arranjar culpados. De facto isso é o menos importante porque não há quem esteja isento de culpa, mas não consigo deixar de lamentar que o V. não tenha sabido esperar. Estar comigo. Perceber que o meu papel, naquela altura, era ser organizadora de casa (porque na verdade dona de casa nunca fui muito…), profissional, mulher e, sobretudo, Mãe.
Fui, durante um ano, Mãe e Pai de três bebés. Com alguns queixumes e azedumes pelo meio, mas muito poucos se comparados com o quão sozinha estive durante esse tempo. Porque, apesar disso, tinha encontrado o meu Mais. A minha completude. E achava que, ainda assim, podíamos conseguir sobreviver. Mais um bocadinho, mais um bocadinho…
Não conseguimos.
O V. perdeu-se nesse caminho. Nessa caminhada que deixou de ser nossa para passar a ser só minha.
Tenha pena. Sim. Muita. Não consigo deixar de ter. E, quando vejo um post como aquele, não consigo deixar de sentir uma pontinha de inveja. No sentido positivo, entenda-se. Apenas porque lamento que a minha família de capa de revista não tenha conseguido superar-se.
Continua a faltar-me um cão e um barco, para a típica família das soap americanas, mas lá chegarei.
Como sabem, perco muito pouco tempo a lamentar o que não tenho.
E, na verdade, hoje nem sequer lamento o que não tenho.
Lamento apenas que o V. não tenha sabido amar-me (e amar-nos) o suficiente.

segunda-feira, 4 de maio de 2009

A Mãe gosta de quê?????

Hoje foi o dia da Mãe na escola do P. e do M.
Estivemos a fazer um desenho (escolheram o tema da viagem), lanchamos e deram-me, cada um deles, um porta-chaves.
Entretant estive a ver os desenhos deles sobre a Mãe e as frases que disseram.
Segundo o P.
" A Mãe gosta de camarão"
Segundo o M.
A Mãe gosta de comida"

De tantas coisa que eles podiam dizer que a mae gosta, tipo brincar, jogar à bola, ler histórias, dançar, passear, sei lá, tantas coisas giras, foram escolher estas????? Logo eu que nem sou grande apreciadora de comida?????

Estou feita com estes filhos!