segunda-feira, 31 de março de 2008


Os afectos das crianças são realmente puros.
Até agora, não reparei ainda, nem no M. nem no P., qualquer nota de ciúmes.
Mas se os sentissem, seria abolutamente normal. Porque já partilham tanto o meu colo um com o outro, que seria natural terem ciúmes de mais uma partilha de colo. Ainda por cima, com um bebé que não conhecem e que, teoricamente, nada lhes diz.
Certo é, porém, que são imensamente meigos com o irmão bebé. Perguntam sempre por ele e gostam de lhe dar beijinhos. E o M., sobretudo, dá tantos beijos que o deixa lambuzado até eu dizer chega. Mas depois de eu dizer "chega de beijinhos", ainda me diz "mais miminho..." e faz-lhe uma festinha na cabeça.
ESta fotografia foi tirada hoje, à chegada da escola. Logo no carro me perguntaram pelo J. e mal chegaram a casa, o beijinho da praxe.
E são estes momentos de ternura que enchem o meu coração. E me fazem sentir que tenho a tal vida perfeita de que falava outro dia...

As voltas que a vida dá


Na faculdade, tinhamos 4 turmas, numeradas de um a quatro, estando os alunos divididos por turma de acordo com a sua ordem de inscrição.

Sempre foi, por isso, ponto assente, que os alunos da turma um eram os mais certinhos e os da turma quatro os mais "desalinhados".

Como é evidente, eu (e o V.) estávamos na turma quatro e como é mais ou menos fácil de presumir, havendo duas turmas pelo meio (a dois e a três), os extremos raramente se contactavam...


Por isso, não deixa de ser curioso que uma das alunas que mais sobressaía dessa turma um tenha três filhos como eu e os tenha na mesma escolinha dos meus...


Mais uma curiosa prova de que eu não era assim tão diferente como gostava de ser. Ou então não. Pode ser só uma prova de que todos queremos o melhor para os filhos, independentemente da ordem da nossa inscrição na faculdade....


E que saudades tenho eu, ainda, da minha turma quatro do ano zero!

Laranjas


Os meus filhos P. e M. a apanhar laranjas no jardim:

- toma, mamã, sumo!

Pelo menos já sabem que o sumo não vem directamente dos supermercados...

domingo, 30 de março de 2008

Coisas engraçadas


Uma coisa engraçada é...
Eu dizer "os meus filhos mais velhos" referindo-me ao P. e ao M., de apenas dois anos.

A minha vida perfeita



É certo que às vezes me sinto cansada;


É certo que tenho saudades de ter tempo para namorar, para ler um livro, para ir ao cinema, tempo para mim.

É certo que tenho pena das viagens que não fiz e que tinha planeado fazer;

Mas nunca, nem por um segundo, eu trocava a minha vida por uma outra (claro que se pudesse juntar um motorista e uma empregada interna a esta minha vida, ajudava...).


Porque esta minha vida, apesar de não ser perfeita, tem as pessoas perfeitas. E muitos momentos perfeitos.
Como a tarde de ontem.
Fomos a Braga (que é uma terra muito curiosa, com um centro cheio de vida e com muiso parques infantis) e estivemos, eu, o P. e o M., a passear. Andamos nos cavalinhos, nos baloiços, nos escorregas, corremos pela relva, brincamos ás caçadinhas e até partilhamos um gelado da Mac Donald's.

E esse foi, sem dúvida, um momento perfeito. Pedi um Sundae sem cobertura, três copos e três colheres, e sentámo-nos os três na relva, a comer.
Há realmente instantes que, apesar de aparentamente simples, ficam muito tempo na nossa memória. Sei que este vai ficar guardado na minha, por muito, muito tempo. Porque é destes instantes que a minha minha vida se compõe. Os outros, os menos perfeitos, só existem para que estes, os perfeitos, possam sobressair.

sexta-feira, 28 de março de 2008

Os índios


Hoje, quando os fui buscar à escola, diz-me a educadora:

- no próximo carnaval, tem de os vestir de índios...


(E achei eu giro os disfarces de carneirinho e patinho)


Como diria a minha amiga D., ao ler a minha frase do mensager (Mãe de 3 anjinhos):

Tem mãe que é cega...

O Artista


Pergunta a minha Mãe ao P:
- Quem é este menino?
- É o P.
- E quem é o P.?
- É o "atista"
... Quem não mente, não merece castigo!

A envelhecer

Como sei que estou a ficar velha:
I) Quando me perguntam, duas vezes seguidas, se a minha afilhada de 13 anos (13!) é minha filha...

II) Quando essa mesma minha afilhada, ao receber de presente uma camisola com a inscrição "Don't worry, be happy" me pergunta o que isso quer dizer, eu começo a cantarolar a música (e até canto bem) e ela me diz que nunca a ouviu...

Em que mundo é que vivemos????

terça-feira, 25 de março de 2008

Cabeleireiro

Hoje foi um dia de grandes noviades: regresso à escola depois das férias da Páscoa, ida ao cabeleireiro pela primeira vez e ida ao podologista.

De todos os acontecimentos, a ida ao cabeleireiro foi, sem dúvida, a mais marcante: Saíram de casa casa bebés e voltaram meninos...
Estão tão lindos, tão lindos, que quase me apetece chorar ao olhar para eles. e para aqueles caracóis perdidos. A cabeleireira perguntou-me se queria guardar um caracol...
Não quis. Não sou dada a essas coisas, faz-me impressão guardar cabelos, dentes e coisas do género... Mas fiquei com pena de os ver cair. e de olhar para o espelho e ver as suas caras larocas mais velhas. mais crescidas.
Estão mesmo lindos. E o tempo está a correr!

Brincadeiras

As brincadeiras dos meus filhos P. e M.:

Primeiro, começaram a atirar os livros que lhes dei à cabeça um do outro. Riram-se muito (mesmo muito!), ficaram com a testa vermelha e brincaram assim durante algum tempo, até eu lhes tirar os livros.
Em seguida, estava eu a comer leite com cereais, pediram-me "ceiais" para a mão. Dei uma mão cheia a cada um deles e lá começaram a atirar cereais à cara um do outro. Voltaram a rir-se muito e eu fiquei com o chão repleto de cereais. Pois ainda não satisfeitos, deitaram-se no chão a comer os restos dos kellog's directamente do chão. Eu deixei. Como diria a minha mãe: " o que não mata engorda..." E como não os há-de matar...

Haverá meninas a ter este tipo de brincadeiras? São mesmo rapazolas...

Filhos imperfeitos

Os meus filhos não são extraordinários. São miúdos perfeitamente normais: fazem birras (agora aprenderam a deitar-se no chão), dizem não a muita coisa, têm ranho no nariz, unhas sujas, roupas imundas depois de passarem poucas horas a brincar. Estragam os sapatos num ápice, molham a roupa com água e leite, entornam a comida no chão (quando não é pela cabeça abaixo), continuam a dar más noites (o J. vai pelo mesmo caminho), começaram a andar apenas aos quinze meses e não aos nove como muitas outras crianças, ainda não usam o pote... são crianças. Imperfeitas. E isso faz delas perfeitas para mim. Porque nunca saberia lidar com a perfeição perfeita. Sei, sim, ou tento todos os dias, lidar com a sua imperfeição perfeita. E gosto deles assim. Todos os dias um bocadinho mais. Gosto que a pediatra me diga que estão no percentil 50. Gosto de os sentir na média. Nem sub-desenvolvidos nem génios.
Fico obviamente contente quando as pessoas se admiram com a sua capacidade linguística, porque realmente falam muito bem, mas sei que como eles, outras tantas crianças falam igualmente bem. Ou melhor. E isso dá-me o conforto de saber que os meus filhos estão bem.
Por isso, acho sempre estranho que para algumas mães os seus filhos sejam extraordinários: Nunca choram, são sempre obedientes, ganham todos os concursos de português, de desenho ou de matemática, são uma barra na natação ou nunca se sujam a comer.
Porque é que isso as pôe contentes?
Adoro os filhos imperfeitos que tenho. Porque isso me dá o tal conforto de saber que, pelo menos neste momento, tudo está bem. E que eu, imperfeita como sou, estou ao seu nível. Posso acompanhá-los. Posso ser a sua mãe.

quinta-feira, 20 de março de 2008

As conversas dos meus filhos mais velhos


I)

M.:

- Mãe, o Pai?

- O papá não está, foi trabalhar (respondo eu)

E ele insiste: O pai, o pai, o pai, o pai...

Responde-lhe o P.:

- Calma, mano! Pai à esquitóio!

II)

Ontem, a brincarem no ginásio:

M:

- anda incar, mano!

P:

- anda atás, mano. aqui mió (a indicar que a posição atrás dele era melhor para fazer cavalinho....)


III)

Hoje, no jardim, cada um com o seu regador, o P. estava a regar umas flores, mas a água não chegou.

Chamou então o irmão:

- Aqui, mano, éta fiô!


IV)

Hoje, ao jantar, a contarmos ao Pai o nosso dia, perguntei eu ao M:

- M., o que estivemos a fazer hoje?

- a incar!

- como?

- responde o P.:

- à carro, à mota

- E mais?

- à auba (àgua(!) à fiô!


Já se pode dizer que têm uma conversa, os meus companheiros de brincadeira!

O dia do Pai - II

Não vou escrever sobre o meu Pai. Apenas para dizer que apesar de não estar cá, também é o dia dele e que não o esqueço um só dia.
Parabéns paizinho!

quarta-feira, 19 de março de 2008

Dia do Pai - I


Hoje é (ou foi) dia do Pai.

Fiz arroz de tamboril com gambas (!), um bolo que decorei com corações e cantamos os parabéns ao papá cá da casa (os miúdos adoram cantar os parabéns, bater palmas e soprar na vela).

Tudo a preceito, embora muito rápido porque o sono já era muito e eu já tinha aturado birras suficientes, para que o papá tivesse o seu momento.

Sei que para ele não tem sido fácil. Para mim tambem não, mas eu sou mais "adaptável". Para o V., impaciente por natureza, lidar com os tempos de três filhos é, seguramente dífícil.

Por isso, sendo por natureza mais dificil para ele do que para mim, também os seu esforço para ser bom Pai é mais meritório que o meu esforço para ser boa mãe.

Se calhar não é correcto falar em esforço. Ser Pai e Mãe devia ser uma coisa natural... e será, para muitos Pais... Não para nós. Ser Pai e Mãe é, para mim e para o V., uma construção de todos os dias. Um caminho que vamos trilhando com as tais tentativas e erros, esperando errar o menos possível. Um estado que aceitamos de braços e coração abertos - um bocadinho inconscientes é certo (só assim se compreendem três filhos...) - com muita vontade de sermos uma familia.

E somos. Quando olho para os meus filhos e os vejo sorrir tão abertamente, sei que, até este momento, estamos a fazer um bom trabalho.

E por isso, por este traçado conjunto, por esta paternidade tão partilhada, tão vivida, tão activa, obrigada V.!

As dificuldades da educação

Há dias mais fáceis que outros. Ontem foi um dos mais fáceis; hoje dos menos fáceis.
Não propriamente dificil, mas menos fácil.
Porque os meus príncipes estão na fase de me testarem e eu na fase de os ensinar. E não é realmente fácil ensinar-lhes regras, tais como brincar com um brinquedo de cada vez e arrumar os brinquedos depois da brincadeira... Ou que não podem abrir a porta do carro quando o carro está em andamento em plena Marechal... Devia ser simples, mas não é. E sobretudo com o M. é tão dificil! Ele é extramamente organizado e gosta de arrumar tudo, mas apenas quando quer, não quando eu lhe digo. É teimoso, birrento e acha que pode fazer o quer...
A juntar a isso, a vontade que ele tem de tocar no J. De lhe dar o leite, de lhe puxar as mãos e os pés, de lhe dar colo, de ver os olhos, o nariz e a cabeça, de lhe dar beijos... É amoroso, mas perigoso também e conseguir conciliar a vontade que tenho de não o reprimir com o medo de ele o magoar, é cansativo...
Tenho os três filhos mais lindos do mundo, mas já percebi que esta coisa da educação é mais complicada do que supunha.
Tarefas e rotinas são simples de cumprir. E dar-lhes colo, beijos e abraços, mimá-los incondicionalmente, também. Impôr-lhes regras é que é muito esgotante. Para eles e para mim.
Espero estar a fazer o adequado. A escolher o melhor caminho. Espero estar a ser uma boa Mãe e que eles me perdoem as lágrimas que agora choram quando vou contra a sua vontade.
A educação é um camainho que não volta atrás. Não há essa coisa da tentativa e erro. Se erramos, erramos e não há nada a fazer... Tenho tanto medo de errar demais...
Aqueles cursos da católica "ensinar a educar " (que por acaso vão recomeçar, segundo as fichas de inscrição que me deram do colégio dos miúdos) fazem parecer tudo tão mais simples do que realmente é...
Acho que me vou inscrever outra vez. Pode ser que de tanto ouvir, alguma coisa fique cá dentro...
Gostava tanto que houvesse cursos intensivos que me ensinassem a ser melhor mãe...

terça-feira, 18 de março de 2008

Não basta querer ser!



Diz-me a minha amiga D., delegada do ministério público, que a Carolina Salgado, no âmbito do processo do apito dourado, quando confrontada pelo juíz sobre a sua profissão, lhe respondeu: - escritora (!)

Mas alguém tinha dúvidas?

As flores do meu jardim



As "fiôs" do meu jardim e as verdadeiras flores da minha alma(a terceira estava no quarto, a dormir).

Hoje tivemos um dia cheio. Fomos ao jardim botânico ver as flores e os peixinhos no lago, andamos a jogar à bola no nosso jardim, andaram nos carros e na mota (aprenderam rapidamente a carregar no pedal da bateria, mas ainda temos de treinar muito a direcção...), andaram no baloiço e no escorrega e ainda brincaram com as primas...

É impressionante o que se consegue fazer num só dia quando esse dia é completamente disponibilizado aos filhos!

O primeiro trabalho de escola


O primeiro trabalho dos meus princípes na escolinha.
O trabalho de Páscoa.
E é tão bom ser uma Mãe orgulhosa!

domingo, 16 de março de 2008


As mãos dos meus príncipes já não são mãos de bebés. São mãos de meninos. Mãos de criança, mas já não mãos de bebés.
Estão a crescer demasiado depressa e eu tenho medo. De os perder. Quando é que vão deixar de se aninhar no meu colo? Quando é que vão deixar de querer que lhes dê um beijinho num doi-doi? Quando é que vão recusar o meu abraço à entrada para a escola?
Imagino que não falte muito e isso aperta-me o coração.
Deixá-los crescer não é tarefa fácil...

sábado, 15 de março de 2008

Mulher à beira de um ataque de nervos



Tenho quase a certeza de que quando o Almodovar realizou o filme "Mulheres á beira de um ataque de nervos" o terá feito a idealizar - visionário como é - a minha manhã de hoje.
E, fosse eu tão visionária como ele, tinha-me preparado... Mas não sou e não me preparei.
Claro que já devia ter adivinhado! Afinal, porque é que não desconfiei quando, confrontadas com esta minha nova gravidez, as pessoas comentavam:
- " coitada!"
- "antes isso que uma doença..." (!)
- "deixa lá, tudo se cria..."
- Aconteceu, não foi? paciência..."
Se nunca ninguém me disse - boa! três filhos! que espetáculo! que inveja!, por alguma razão há-de ter sido...
E hoje, percebi finalmente porquê.
Mas vamos começar pelo inicio, como deve ser:
Sábado de manhã, 7.45h, percebo que o P. e o M. estão acordados no quarto ao lado (agora dormem eles com o Pai e eu com o J) e vou ter com eles. Estamos na brincadeira até ás 08.15h quando o J. começa a chorar porque está na hora da mama.
Fui ter com o J., preparei o biberão (a mama nunca é suficiente)e comecei a dar-lhe o leite. Entretanto, o M. e o P. vieram ter comigo, subiram para a cama e começaram a querer dar-lhe o leite, a puxar o biberão, a dar-lhe a mão, a fazer-lhe mimos...
Chamei o V. para lhes mudar a fralda e começar a vestir.
Acabei de dar o leite ao J., pu-lo no berço e fui acabar de vestir os mais velhos. Depois da roupa, é lavar a cara, os dentes, pentear o cabelo, pôr creme na cara e perfume. Quando já estava quase a terminar, tocaram á porta. Era a minha cunhada e as minhas sobrinhas. Lá subiram para o quarto e mandei os miúdos todos para o quarto de brincar (com excepção do J., claro, que, neste entretanto sujou a fralda, teve de ser mudado e passou também para o nosso quarto).
O V. saiu para trabalhar (sim, porque agora trabalha ao sábado de manhã)e eu finalmente tentei arranjar-me. Cheguei à casa de banho e o M. tinha pegado na minha caixa das lentes que, obviamente caiu ao chão, tendo perdido uma das lentes.
Resmunguei com ele, com as lentes, com a porcaria do tapete que tem tanto pêlo que nunca mais encontrei a lente e fomos para a cozinha tomar o pequeno almoço.
Entre fruta e iogurte espalhados pela cara dos putos e pela mesa, pela gestão de conflitos por causa dos brinquedos, das canetas, dos garfos e das colheres, começou o J. a chorar no andar de cima.
Como a minha cunhada ainda estava cá em casa, foi ela buscar o J. e eu continuei na tarefa árdua do pequeno almoço. Já com o J. cá em baixo, o M. bateu na cabeça do P. com a escova e o P. começou a chorar inconsolável. Mandei-os a todos para o parque brincar e tentei concentrar-me em mudar a fralda mais uma vez ao J., já quase quase a desesperar.
Eis senão quando fui salva pelo gongo: A minha cunhada perguntou-me: E se eu levasse os miúdos comigo?
- Estás a brincar? Pensei. Leva-os! e não os tragas tão cedo... (esta parte não disse! Mas que pensei, pensei...)
Lá fui ajudar a colocar as cadeirinhas no carro dela, debaixo de uma chuva torrencial (de lembrar que fui ontem ao fim da tarde ao cabeleireiro), mas mais ou menos aliviada. Pu-los no carro, entreguei uma mochila com umas fraldas, e começaram os dois outra vez a chorar: Queriam os dois a mesma mochila...
Voltei a casa, peguei noutra mochila, pus uns queijinhos e umas bolachas dentro e voltei ao carro. Enteguei esta mochila ao M. que de imediato a abriu e quis o queijo. Abri o queijo, dei-lho e começou o P. a chorar que também queria um. Ok! calma que estão quase quase a ir embora, pensei...
Abri o outro queijo e dei-o ao P.
- E agora, tudo ok?
Não. Ainda faltavam os dinossauros porque cada um quer sempre o brinquedo que o outro tem...
Nova gestão de conflitos..., nova troca de dinossauros..
Finalmente, bati a porta do carro e pensei: Desta já estou livre!
Fui para casa para acabar de me arranjar, olhei para o espelho e... auréolas de leite na minha camisola acabada de vestir porque me esqueci da porcaria dos discos de amamentação...
Isto não me está a acontecer....Bem... paciência!
Entre escolher uma nova camisola e fazer de conta que isto não aconteceu, preferi a segunda hipótese. vesti um casaco por cima e esperei não ter muito calor...
Agora sim, pronta para sair: Vesti o casaco ao J., pu-lo na babycoque e saí de casa.
SAÍ DE CASA... mas não passei da porta! Depois disto tudo, percebi que não tinha a chave da garagem e não podia sair de casa.
Será possível????
Lá telefonei ao V., a fazer queixinha, e ele veio abrir-me a porta para eu poder sair...
Assim, depois de me ter levantado às 7.30h, consegui sair de casa às 11h.
Boa!
E isto sem os dois filhos mais velhos, senão mais valia nem ter saído...
Sim... Não tenho dúvida de que foi uma manhã para um verdadeiro ataque de nervos!
Três filhos???? Estou convencida que é quase impossível sair de casa com os três...
Quando, à hora do almoço, cheguei a casa da minha sogra, os miúdos já lá estavam.
E quando eu cheguei, abriram o sorriso mais lindo do mundo e disseram: Mãe, colo!
E com aqueles beijinhos e abraços tão saborosos, passei imediatamente de mulher à beira de um ataque de nervos a mulher à beira de um ataque de amor...

Haverá alguém que consiga explicar as incongruências de um coração de Mãe?????

sexta-feira, 14 de março de 2008

Cheiros


Cheiros. É dos cheiros que me recordo quando penso na Baixa. Do cheiro das castanhas assadas, doa carros, das pessoas nos autocarros, dos ramos de violeta vendidos na praça e, sobretudo, do cheiro de mim.
Da menina que eu era e já não sou. Que escrevia poesia como se não houvesse amanhã. Que sabia onde ficava a pedra maior da cidade do Porto (é verdade, ainda sei isso...). Que ia para a Ribeira a pé. Que subia à torre dos clérigos para apreciar a cor dos telhados laranja e cinza da cidade do Porto. Que atravessava a ponte só pelo prazer de ver o rio com o vento na cara. Que percorria a cidade á procura das janelas e dos candeeiros mais pitorescos. Que ia a exposições de pintura. Que andava de eléctrico. Que comprava os tais ramos de violetas a uma senhora à porta de uma igreja na Praça, mesmo antes de começar a subir Sá da bandeira.
Era, então, uma menina poeta. Que achava o mês de Fevereira mágico por ser o mês dos gatos e das violetas... Logo eu, que nem gosto especialmente de gatos... Mas gosto de violetas. E gostava de junquilhos (ou narcisos). E de tulipas. Hoje continuo a gostar. E continuo a achar o mês de Fevereiro mágico. Não pelos gatos, mas pelos meus três pintainhos, todos nascidos nesse mês das violetas.
Nesse tempo, despedia-me de Orfeu antes de dormir. Passava mais tempo no céu que na terra. Escrevia muito. Tinha grandes aspirações artísticas.
Achava-me tão diferente do comum dos mortais...
Também cantava. E fazia rádio e teatro. Tinha uma amiga bailarina que também escrevia. E uma outra que não sendo bailarina era a minha melhor amiga. Com quem escrevia textos a duas mãos. Com quem os sonhos eram partilhados em rimas.
Tenho saudades desses cheiros. Dessas imagens de mim, menina poeta-cantora-escritora-actriz.
Dessa minha disponibilidade para o mundo, para o Porto, para as ruas da cidade, para os passeios despreocupados, para subir a torre dos clérigos. Para imaginar que um dia ia casar no cimo da torre...
Quem me diria então a mim que hoje, passado este tempo, eu seria uma típica burguesa, casada, com 3 filhos, que conduz um A3 e não escreve um poema à seculos?

Os cheiros de mim que foram ficando pelo caminho...

Hoje, já não cheiro a violetas. Na maioria dos meus dias, cheiro a uma mistura de leite de bebé com um creme qualquer que terei posto no rosto (a perfume, dificilmente, que me faz alergia...). Cheiro a Mulher e a Mãe. Já muito pouco a menina...
E ás vezes, só ás vezes (como hoje, ao ver a senhora dos ramos de violetas), tenho saudades.

quinta-feira, 13 de março de 2008

Licença de maternidade

Exceptuando a mania das limpezas e arrumações que me têm passado pela cabeça e que me fazem ficar absolutamente cansada, gosto muito deste meu tempo de licença de maternidade.
Confesso que me custou muito deixar de trabalhar. Se calhar estava num ritmo demasiado acelerado e foi mais dificil abrandar, mas agora... essa coisa de vontade de trabalhar já passou!
Continuo com algumas saudades, mas de cada vez que vou buscar os meus filhos à escola, isso passa!
Porque é tão bom poder partilhar a vida deles. Fazer parte do mundo deles mais activamente.
Adora ir buscá-los, entrar na sala, ficar na conversa com as educadoras, ver o espaço deles, os brinquedos. Brincar com eles.
E depois, trazê-los para casa. Ainda é um bom pedaço a pé, uns 15 minutos, talvez, mas vimos a pé, a conversar, a procurar gatos debaixo dos carros, a cantar com os cães, a apanhar flores...
Gosto muito desses nossos momentos que deviam ser momentos de todas as mães. Devia ser possível estarmos em casa às 5 da tarde para acompanhar os nossos filhos... è tão importante para eles! E para nós também...
A mim, enchem-me a alma estes "laços de ternura"!.

terça-feira, 11 de março de 2008

Começamos cedo...


I)

Como ontem fiz anos, assumi que todos os telefonemas feitos cá para casa seriam para mim.

Por volta das 20.30h, já estavam todos os miúdos na cama, tocou o telefone.

"- É da casa do P. e do M.?"

(como????)

- sim. respondi eu. Quem fala?

- É o R.

(filho de uma vizinha da minha mãe que apesar de já ter 10 anos adora os miúdos e costuma ir brincar aos sábados de tarde com eles)

- E então R., estás bom?

- Era para falar com os meninos...

(como????????????)

- Eles já estão a dormir...

- É que no sábado não pude ir brincar com eles e queria falar com eles, saber se está tudo bem...

...


É de mim, ou começamos muito cedo a ter amiguinhos a ligar para casa e "compromissos" agendados?



II)

Ontem fui às compras e comprei um livro para cada um dos miúdos.

Quando chegaram da escola sentei-me no sofá para começarmos a ler os livros.

Diz-me o M.:

- abe, Mãe. Peguei no livro e abri-o.

- Não! Abe, mãe!

- Já estou a abrir, filho...

e ele começa a bater-me nas pernas....

- Não, Mãe! abe as pénas! (para melhor colocar o livro em cima das minhas pernas)

...

começamos bem cedo...


III)


De manhã, antes de sairem para a escola, comem um iogurte e um boião de fruta. Depois disso, comem o que quiserem: um pão, um queijinho, uma peça de fruta, depende dos dias.

Hoje, o M. dirigiu-se ao armário, abriu-o e disse-me:

- Ceiais, Mãe.

E lá foram os dois para a escola, cada um deles com uma barrita de cereais na mão...


IV)

Tenho andado com muito sono, porque o J. acorda várias vezes para comer durante a noite e durante o dia não consigo dormir, mas esta noite estava realmente com mais sono do que o normal e o J. mais chorão que o normal.

Por isso, depois de um de muitos leites, deitei-o directamente na minha cama, em vez de o colocar no berço, e ele dormiu como um anjo.


coslepping a começar cedo...

segunda-feira, 10 de março de 2008


Hoje é o dia do meu aniversário. E bem podia ser esse o título de uma canção. Em vez do "hoje é o primeiro dia do resto das nossas vidas" - será de fausto? ... Não faço ideia...

Seja como for, é o dia do meu 34º aniversário e tudo podia começar hoje. Nesta casa fabulosa que tenho, com o marido que escolhi para mim e que amo de todo o coração, com três filhos que amo incondicionalmente, com a minha mãe e a minha irmã a fazerem coro nos parabéns a você...

Se o meu pai estivesse cá, este podia ser, sem sombra de dúvida, o reflexo de um dia perfeito, um inicio de vida perfeito. Ainda assim, com algumas imperfeições, podia sempre ser o meu inicio. Não é. Já muitos dias se passaram nestes 34 anos. Alguns dias maus. Quase todos bons. A minha vida contada em muitos dias e muitas noites, sobretudo em muitos momentos.

De risos, de amizades, de canções, de choros, de consolos e desconsolos, de vitórias, de derrotas. De mais amores que desamores. De muita energia. de muita vida. de muitos risos. De sempre muita vontade e alegria de estar viva. E hoje, celebro essa alegria com as pessoas que mais amo. Só por isso, valeu a pena chegar até aqui e valerá a pena continuar mais 34 anos e outros 34 (se possível for).

Parabéns a mim.

1ª consulta

Primeira consulta de pediatria do meu bebé J.: pesa 3.100kg e mede 49cm.
Está bem e recomenda-se. É um bebé perfeito.

domingo, 9 de março de 2008


O aniversário da minha irmã foi no passado dia cinco e o meu será amanhã.

Duas datas muito próximas, mas com onze anos de diferença.

Talvez por isso, sempre me tenha sentido como uma quase mãe dela.

Não aos onze anos, quando era também uma criança, mas aos 16 ou 17 já estava preparada para olhar para ela não como uma irmã mais nova, mas como uma espécie de filha por quem eu também era responsável.

Não que fosse necessário. Os meus Pais primeiro e a minha mãe, ainda que sózinha, depois, sempre cumpriram lindamente esse papel, mas a diferença de idades era tão grande, que sempre me pareceu inevitável este sentimento de um amor maior que o de simples irmãs.

A A. sempre foi, é, e continuará a ser, o meu primeiro bébé, a minha princesa. Frágil, forte, linda de morrer, a minha menina.

Deve ter sido por isso que eu só tive filhos meninos. Porque a minha necessidade de meninas já está preenchida com ela. O lugar de princesa no meu coração já está ocupado e cativo: É dela, hoje e sempre.


Os bolos de aniversário


O tema da festinha de aniversário do P. e do M. foi o Noddy.

Por isso, como não podia deixar de ser, tinhamos de ter bolos de aniversário do Noddy.

No sábado antes da festa, ouvi o V. telefonor para a confeitaria e encomendar dois bolos, de um quilo cada um, com a imagem do Noddy. Acabou o telefonema e disse-me: Os bolos estão prontos amanhã, às três horas, na esquina doce.

Ok.

No domingo, às três horas, estavamos longe de estar prontos pelo que o V. ligou para os pais e pediu-lhes para ir buscar os bolos. Eles chegaram à esquina doce e estava fechada.

Grande indignação. São uns irresponsáveis! Uns desmancha-prazeres! Então mandam-nos ir levantar o bolo e estão fechados?

Solução: Foram os meus sogros à rainha da Foz comprar dois bolos de aniversário novos, absolutamente normais, sem nada de Noddy e esquecemos o precalço.


Por volta das 5 da tarde, ligam ao V. da rainha da Foz (sim, exactamente a mesma onde forma comprados os dois bolos de recurso): Então encomendaram dois bolos do Noddy para as três da tarde e ninguém vem levantá-los?...


... Pois. A encomenda do senhor meu marido tinha sido feita à rainha da Foz e não à esquina doce, que realmente está fechada ao domingo. E a rainha da Foz tinha os bolos do Noddy á nossa espera...


Considerando que fui eu que tratei da organização de toda a festa e que a única coisa que pedi ao V. foi que encomendasse os bolos de aniversário, o que há para dizer?????




O P. e o soro

Pode parecer estranho, mas o P. e o M. adoram soro fisiológico. Também gostam de tudo que seja xarope (até daqueles com muito mau sabor) e até de supositórios.
Imagino que tenha que ver com a festa que eu faço sempre que tenho de lhes dar um medicamente qualquer, mas o certo é que mal vêem um xarope, começam a dizer: "Chupa, chupa!" (o que também não deixa de ser estranho, considerando que nunca comeram um chupa e nem deviam saber o que isso é...)
Seja como for, e voltando ao soro, coloo-lhes todas as noites um bocadinho de soro no nariz e depois dou-lhes os frasquinhos unidoses para beberem o resto do conteúdo.
Invariavelmente, pergunto-lhes de seguida se já está, eles respondem-me que ainda tem, eu volto a perguntar e os frasquinhos lá vão finalmente para o lixo.
Outro dia, repetimos este procedimento, mas eu estava distraída com outra coisa qualquer e o P., muito chateado, puxou-me pelo braço e disse-me: - oh, Xanda, acabou!"

... Por muito que eu esteja preparada para as novidades dos meus filhos, conseguem sempre surpreender-me, com o seu discurso e ideias de miúdos de dois anos perfeitamente articulados...

Sorriso




Eu sei que é apenas um movimento involuntário. Eu sei.


Mas o sorriso do meu filho J. é o movimento involuntário mais doce do mundo!

quinta-feira, 6 de março de 2008

Nomes

A minha Irmã teve durante algum tempo um namorado chamado N. Agora, tem um outro namorado chamado J.
Os meus filhos, que conheceram um e agora conhecem o outro, acham um bocadinho estranho...
Por isso, sempre que têm de chamar pelo nome do J. dizem NJ., juntando os dois nomes num só...
E problema resolvido!
Para além de ser um bocadinho incómodo para o J., espero que ela pelo menos não decida ter muitos mais namorados, senão vai ser complicado...

A nossa festa de aniversário


Domingo fizemos a festa de aniversário dos meus dois principes mais velhos.


Já passaram alguns dias desde o efectivo anivesário, que teve direito a festa apenas este Domingo, para que eu também pudesse estar presente e bem.


Cada vez gostamos mais, eu e o V., de dar estas festas. De ter gente em casa a festejar a felicidade dos nossos principes que é, também, a nossa.

Tudo correu lindamente, com a nossa familia e os nossos amigos mais chegados a partilharem desta nossa aventura que é ser pais de gémeos.

Tiveram imensos presentes, meninos com quem brincaram, muita música de parabéns (que adoram), palmas e muita, muita atenção.

Estiveram felizes. Nós também.

E o J. fez a sua primeira "aparição social".

O nosso novo elemento. O nosso novo principe. A nossa nova familia. completa. perfeita. feliz.

Estórias do M.

O M. - I)
Outro dia o M. pediu-me, pela enésima vez, colo.
E eu, pela enésima vez, disse-lhe que não podia. Que a minha barriga tem um doi-doi e que não posso fazer esforços.
Depois desta minha longa explicação ele foi buscar um banco:
"- Senta, mamã! colo...
Partiu-me o coração...
A partir daí, dou-lhe colo, a ele e ao P., sempre que me pedem. Quanto ao doi-doi na barriga... bem, há-de curar mais depressa que os doi-dois do coração...

O M. - II)
Os meus filhos adoram banho. e, como é evidente, chapinham tudo á volta.
Sexta-feira passada estavam a tomar banho e o P., como sempre, a bater na água como se não houvesse amanhã.
Eu, com toda a calma possível, lá comecei a dizer-lhe que não pode chapinhar tão de força, que me molha, que não pode bater com os pés, que cai, etc, etc...
O M. levantou-se da banheira, pôs a mão na cabeça do P. e começou a dizer-lhe:
- calma, mano! calma, mano!
...

terça-feira, 4 de março de 2008

Novidades


O meu novo principe faz amanhã 15 dias.


E neste 15 dias tantas coisas aconteceram, que já quase nem faz sentido escrevê-las. Vou sá fazer um resumo:



I. O parto: Rápido e eficaz, sem problemas. A médica disse que foi no momento certo, porque o meu útero já não ia aguentar muito mais... mas correu bem e eu e o V. vimos o J. nascer. Pequenino, lindo, esbranquiçado, a chorar - perfeito.



II. O J.: Nasceu com 2.640g e 47cm. Um ratinho lindo, bem pequenino, que felizmente nasceu sem problemas e voltou para casa comigo, passados 4 dias.



III. O inusitado: O V. teve uma crise de soluços que durou mais de uma semana. Eram soluços contínuos, que só paravam durante o sono, pelo que passou o tempo todo da licença de paternidade, mais doente que eu. Ao ponto da minha obstrecta sair do meu quarto a deserjar-lhe as melhoras a ele... sexo forte, o quê????

Mas estava realmente desesperado e só com uma injecção é que a coisa foi ao sítio...


III. A reacção dos irmãos na ordem: chegaram ao meu quarto e mexeram em tudo quanto eram botões. Chamaram as enfermeiras, andaram com a minha cama para cima e para baixo, rolaram no chão e acharam estranho quando foram ao berçário ver um bebé que lhes indicaram como sendo o mano J.



IV: O J. em casa: É um doce. dorme muito, come muito, chora pouco e nãp dá quase trabalho. Gosta de tomar banho mas não que lhe coloque creme no corpo.


Tem muito cabelo preto, quase comprido, mas que eu creio ser provisório, porque em tudo o resto é muito clarinho.


Os irmãos dão-lhe os bons dias de manhã e as boas noites antes de ir para a cama, mas não se lembram muito dele.


V. A nossa primeira noite na cama a quatro: Por uma questão de precaução e porque o J., sendo prematuro, tem de estar com temperatura controlada, dividimo-nos cá em casa: O V. fica num quarto, para o qual todas noites os miúdos mais velhos correm, e eu fiquei num outro com o J.

Apesar disso, no domingo, estava sozinha em casa com os três, na cama com o P. e o M., a adormecê-los, quando o J. chorou e tive de o ir buscar para o nosso lado.

E aí sim, tive a primeira percepção de ter três filhos ao meu colo (ou quase).

O P., que estava mesmo cheio de sono, fez-lhe um miminho, virou-se para o outro lado e adormeceu. O M., encheu o J. de miminhos e adormeceu de mão dada com ele.

O M. é mesmo assim, paternalista, protector, muito amoroso. Acho que sendo mais velho que o J., vai ser muito atencioso com ele. O P. é mais independente e creio que também o vai ser em relação ao irmão mais novo.

Espero que fiquem bem. Que se gostem. Que se protejam. Que sejam amigos. Que sejam felizes!