quinta-feira, 28 de outubro de 2010


Ao entrarmos em casa, à noite:


M: mamã, há aqui lobos? (pergunta milhentas vezes repetida)


- Nao, filho. como já te disse os lobos só vivem na Alemanha, numa floresta muito longe que se chama floresta negra (esta é sempre a minha resposta, muito embora só desta vez tenha acrescentado o nome da floresta, que me pareceu muito a propósito:)


P: negra porquê, mamã? As árvores lá são pretas?


- (pois..., ponho-me a inventar, é o que dá) Nao, querido. As árvores são normais, mas como é uma floresta com muitas arvores e muito altas, o sol nao consegue entrar e como fica lá dentro muito escuro, chama-se floresta negra)


M: e os lobos nao vêm para Portugal?


- Nao... A Alemanha fica muito longe e os lobos nao conseguem andar tanto...

M - Mas mae, os lobos nao sabem que podem vir de avião? Ah... já sei... se calhar nao sabem é onde se compram os bilhetes!...


:)


Ontem foi a tua missa do 7º dia. Igreja cheia, uma vez mais.

Perguntou-me o L. porque é que eu fui. A quem fui eu dar conforto.

A ninguém na verdade, senao a mim própria. Entrei e saí sem falar com ninguém, porque nao tinha vontade nem era o momento. Terei outros, pelo tempo que se avizinha, para o fazer.

Ontem, foi só para me confortar a mim. Porque esta tua morte dá-me cabo da alma. Parece-me, ainda, absolutamente irreal. E, de cada vez que penso em ti - o que tem sido muito, nestes ultimos dias -, é com um misto de ternura e dor que nao consigo dizer. Dor por mim, logicamente, que te perdi. Pelos teus filhos e por todas as outras pessoas que gostavam de ti mas, sobretudo, dor por ti. Que nao querias ir embora. Que nao devias ter ido embora. Sempre, sempre, com esperança. Sempre.

Lembro-me de, naquele dia em que acordaste para falarmos, já no hospital, me teres dito: Princesa, estou mais para lá do que para cá, nao estou? De eu te ter dito que nao. Que tontice a tua. Que tinhas tido uma infecção e que ias ficar bom. Levas-me para casa? nao posso, tens de ter alta primeiro. Que fazes aqui? Vai trabalhar! - disseste tu... Como se isso fosse mais importante que a nossa amizade... Tu, com tanto apego á vida. Um dia disse-te que eras um herói. E eras! E foste. Vi-te chorar uma unica vez, com medo. Logo no inicio, muito no inicio... Depois, sempre com um sorriso. Sempre com um discurso positivo, que era sempre o teu, pela vida. Das coisas, aliás, em que mais nos aproximamos, sempre. Nesse apego á vida e à boa disposição quase permanentes.


Nao tinhamos laços de sangue, eu sei. Mas tinhamos laços de amizade. De ternura e carinho imensos. Gosto de acreditar que esses laços nos unem hoje e sempre e que sentirás o meu afecto aí nas nuvens, onde te encontras.

E os nossos planos para hoje à noite são: decorar a casa com enfeites alusivos ao Halloween, a pedido dos três senhores lá de casa:)

Depois posto aqui as fotos!

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Eu e a McDonald's

O J. continua a ir para a escola sem grande felicidade. Já nao chora, mas nao fica feliz e contente como os irmãos.... As educadoras dizem que logo a seguir fica bem e que participa nas actividades e a verdade é que quando chega a casa vem muito bem, sempre com musicas novas que aprendeu e já está a ficar mais gorduchinho outra vez, por isso nao tenho, acho eu, motivos para me preocupar.
Seja como for, envio-lhe sempre, de manhã, um "objecto consolo". às vezes um livro, outras uma fotografia dos irmãos, outras, um bonequinho, dizendo-lhe, neste caso, quase sempre, que o bonequinho era meu quando eu era pequenina, para que ele se sinta comigo mais próxima.
Hoje de manhã aconteceu exactamente isso. escolhi um caozito pequenino, pu-lo no bolso da bata e repeti-lhe que era um caozinho de quando a mamã era pequenina.
Comentário do M: mas mamã... esse bonequinho foi dado pela McDonald's!...

ups... pois, disse-lhe eu... era de quando a mamã ia à McDonald's quando era pequenina...

é... a mentira tem pernas curtas! ainda bem que ele ainda nao sabe ainda perceber que, quando eu era pequenina, nao havia Mcdonald's...

Uma das actividades que mais me fazem descansar a mente, é cozinhar. Gosto muito e pronto. E gosto sobretudo de cozinhar com os meus três petizes. Vai daí segunda feira cheguei do escritório e como eles já tinham comido a sopa, decidi que iamos fazer os nossos já conhecidos bolinhos de limão.

Cada um pegou no seu avental e instrumentos de cozinha (eu a minha bimby, eles as suas forminhas) e pusemos, literalmente, a mão na massa.

Ficaram lindos e saborosos os nossos bolinhos, tal como podem ver pela foto em anexo:)

Apesar disso, alguns dos bolinhos feitos só pelo P., como tinham pouca massa, ficaram assim um bocadinho mais para o escurinhos....

No dia a seguir, quando o V. chegou, quiseram que o Pai, naturalmente, fosse provar os ditos bolinhos, entre os quais os tais mais escurinhos.

Disse-lhes o V.: Oh, filho, antes quero dos outros, que estes estão muito torrados!

Resposta do P: - nao estão nada torrados, Pai, são é de cholocate e estão deliciosos!


:)

segunda-feira, 25 de outubro de 2010


Partilhar contigo um brownie de chocolate com gelado de nata é, desde sempre, um dos meus grandes prazeres:)

Para recordar a nossa primeira sessão de trabalhos de casa: receita de culinária com pintura de um cozinheiro e desenho da receita escolhida.
TPC a oito mãos:)
Sábado de tarde fomos visitar uma nau quinhentista em Vila do Conde.

Um programa muito giro sobretudo para quem tem filhos rapazes.
Os miudos acharam-se verdadeiros piratas a descobrir tesouros num programa feito a cinco, como eles mais gostam.
Bom. Muito bom:)

Ontem estive a arrumar papéis.
No meio deles, encontrei as tuas cartas. Os teus postais. Os teus bilhetinhos de agora e de há muitos anos atrás.
Um deles, tinha a data de 24 de Janeiro de 1997. Encontrei-o perdido num dos meus imensos diários da altura.
Tinha este poema:

"Açucena de olhos meus
A solidão tuas algemas foram
em àguas tormentas e seu destino
esbelta e graciosa em anseios vives. Livre e sem liberdade.
Liberta-te, caminha...
caminha porta ao sol
Amor de idade maior
em passos lentos e sem fim
chegarás... serás... amarás, tu
Açucena de olhos meus
Um dia... tu e eu"

Pergunto-me se, daquelas tantas pessoas que choraram a tua morte, alguém saberia que eras assim. Um menino doce e frágil. Poeta e apaixonado. Com uma imensa ternura no coração e nas mãos.

Ainda agora foste embora e já tenho saudades tuas. Foste, sem dúvida alguma, das pessoas que mais gostaram de mim e a tua morte é uma perda indizível.
Sinto-te muito a falta.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Desdramatizar (II)

Obrigada pelas flores!

(dadas pelos quatro homens mais perenes da minha vida)

Para desdramatizar (I)

Dois miudos a conversar:
- o que é que o teu pai faz?
- é advogado
- Sério?
- Nao, um dos normais...
:)

Ainda bem que nem eu nem o V. advogamos....

Sei que devia falar de ti.

Mas nao hoje. Amanhã vou ao teu funeral e nao me apetece falar muito sobre isso.

Um dia falo da tua generosidade, da tua bondade. do teu gosto pela vida. Da tua incapacidade de dizer nao. De seres, sempre e tanto, um bom amigo.

Hoje quero deixar de pensar que te fechei os olhos e que perdi um amigo de uma vida inteira (sim, porque mesmo enquanto nao nos reencontramos, tenho a certeza que gostavas de mim).

Gosto de ti muito. E é só.

Vidas pela vida

Nestes ultimos quase dois anos, parece que o meu tempo se divide em vidas, e nao em dias ou meses como na maioria dos casos.
Sinto-me a viver pequenas curtas vidas sem continuidade, sem um fim (no sentido de objectivo) à vista.
O que me faz pensar nas pessoas que ficam. Nas pessoas que atravessam esses pedaços de vida e que se vão mantendo sempre.
Muito embora as pessoas transitórias nos tragam sempre alguma coisa, cada vez mais percebo que, o que conta, são as pessoas perenes...
E, a vocês, que bom é ter-vos nesta linha que vai atravessando tantos pedaços de mim...

terça-feira, 19 de outubro de 2010


Será que acreditaste quando te disse que vais ficar bem?

Será que me ouviste quando te disse que gosto de ti?

Quero acreditar que sim.

Que ouves, apesar de nao falares. Que entendes, apesar de nao te fazeres entender.

Ou nao... sei lá o que é melhor. Talvez fosse melhor nao ouvires e nao entenderes o sofrimento por que passas. E pelo qual passam as pessoas de quem gostas. Logo tu que sempre foste o amparo de todos...

Abres as mãos e nao sei o que esperas agarrar. Olhas e nao sei se me vês. respondes que sim ou nao com a cabeça sem eu perceber se o fazes por instinto ou por convicção.

Quis falar-te, neste nosso passeio diário, de outras memórias. E de futuro. Mas hoje foi bem mais dificil...

Continuo a acreditar que tu acreditas que vais ficar bem. Porque só assim dói menos.


segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Com sotaque assim, nao há nada a fazer...

J., com um lápis preto na mão:
- Que cor é esta mamã?
Eu: - preto
- e como se diz em inglês?
Eu: - black
J-: Oh, mãe, nao é nao que eu gosto da cor!
Eu - O quê? é black, sim, filho...
J. Nao é nada blhéc.... nao é pois nao, manos?????
:)

Desde Abril - quando organizei a tua festa de aniversário surpresa, lembras-te? - parece que passou uma vida inteira por nós.

Foram poucos meses, nao foram? Mas tanto, tanto tempo se cruzou entretanto.

Já na altura o fiz por ter pensado que seria bom teres os teus amigos reunidos. Para te darem força para esta cruzada que eu sabia se avizinhava.

Estás aí, deitado. E eu a ver-te. A querer falar-te de memórias. de estórias. A querer ouvir-te responder-me. A querer nao chorar. Nao lembrar o meu Pai. Nao lembrar a tua familia que sofrerá tão mais que eu.

Tento nao lembrar-me de ti agora. Do modo como injustamente sofres.

Falo-te de memórias que também guardo para mim. Falo-te de carinho e de amizade. Da ternura que temos nas maos. Falo-te das paisagens fora da janela que nao vês e das viagens que ainda queres fazer. Das pessoas que gostam de ti. Das pessoas de quem tu gostas.

Sexta-feira foi só um fim de semana atrás, certo? Ou nao? nao foi ilusão minha. Sei que nao foi. Sei que estavas acordado, que me falaste. Que riste, que me sorriste. Que me tocaste e deste mimo. Que perguntaste coisas e me mandaste trabalhar:)

E, no entanto, parece, uma vez mais, que foi numa outra vida.

Tanta, tanta amizade que te tenho. Tanto carinho, tanto agradecimento por teres estado comigo numa altura tão dificil para mim. Por me teres apoiado e mimado e me teres feito sentir importante. Por teres sido o meu abrigo, a minha serenidade, naquele tempo em que o meu equilibrio nao era o perfeito (ainda nao o é hoje, sabes? Mas estou no bom caminho...). Por te teres desviado quilometros para eu ver um castelo...

Nunca antes falei assim para ti, pois não?

Mas olha... who cares? Se calhar, devia tê-lo feito.

A amizade, o carinho, o agradecimento, as lembranças, a ternura, são para ser ditas. É bom que se diga que se gosta. É bom que nos sintamos "gostados".

Gosto-te imensamente. E, saber-te sofrer, faz-me muito, muito mal.

Até amanhã. Levo-te açucenas.



sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Há inicios de tarde de sexta-feira felizes. Há sim:)

Mais feliz agora. Bem mais feliz agora.
Ver-te, falar-te, ouvir-te brincar comigo apesar das dores, é um descanso.
Muito bom ter-te visto acordar...
Vais ficar bem! Vais ficar bem!

quarta-feira, 13 de outubro de 2010


Se eu pudesse mudar um pedaço de mundo, o teu seria o pedaço que eu mudaria.

E no mundo mágico de S. Exupery, serias tu o principezinho que eu levaria em direcção às nuvens. Para aquele pedaço de mundo em que tivessem desaparecido as tuas dores de corpo e de alma.

Vais ficar bem. Vais ficar bem.

Frases de engate... Ou nem por isso:)

Mas o que é que faz um qualquer homem pensar que com a frase "olá, gostava muito de te conhecer... acho-te atraente e misteriosa" vai agradar a quem quer que seja?
Antes os trolhas, senhores! que ao menos fazem serviço público e atiram o ego de uma miuda bem para o alto!
Ou então a frase de um miudo de nao mais de 20 anos com o tipico: " acho que estou apaixonado por ti... posso conhecer-te?"
Porque isto eu posso compreender e até achar alguma graça atendendo à idade... Agora o "atraente e misteriosa..." olhem... valha-me Deus é o que vos digo:)

Gosto muito de receber presentes. E se tiverem uma menina linda como a Sininho, gosto ainda mais:)

Obrigada! Pelo presente, claro, mas sobretudo por gostares de mim!
(sabes que é absolutamente recíproco, nao sabes?)

Soube ontem que uma pessoa por quem tinha grande estima, morreu. Marido de uma colega que profissão que acabou por se tornar uma amiga. Estive em casa deles há apenas alguns meses atrás e fui acolhida com muito carinho, com muita amizade.

Morreu sem aviso. O que não deixa de me fazer pensar na brevidade da vida. E na ingenuidade de quem pensa que a pode controlar... Estamos cá de passagem e vamos embora, nao quando queremos, mas quando a vida já cá nao nos quer mais.

A ele, que esteja em paz. à minha amiga e à familia, beijinhos e abraços em silencio que serão ditos mais tarde, quando a dor já nao doer tanto...


Entretanto, e como diria o Raul Solnado: façamos o favor de ser felizes...

e já quase quase a ser avó??????

M.: Mamã, dás-me um filme do Toy Story?
Eu: dou filho, um dia destes...
Ele: mas não é para mim, Mãe... é para guardar para dar aos meus filhos...
:)

segunda-feira, 11 de outubro de 2010


os momentos em que te sinto a falta, são estes. em que o teu abraço vem do nada e fica comigo.
Há dias em que olho para a nossa familia perfeita de quatro e penso ainda na nossa familia, também, para mim, perfeita, de cinco.
Temos um novo cantinho no nosso escritório/biblioteca - o cantinho dos trabalhos que fazem na escola. Ficou lindo! pequeno ainda mas com perspectivas de aumentar todos os dias:)
Adoraram. E a casa ficou ainda mais cheia de nós:)

Sobre o fim de semana


Principezinhos. Mercado porto belo. Artesanato e um presépio para pintar. Éclairs com recheio de chantilly e cobertura de caramelo. Amigos. Uprising dos muse, em som bem alto no carro e a dançar. Duas vezes na noite. Tendinha. Baixa. Foz. pão de alho de lanche:) Mar. fotografias. Regresso a casa. Principezinhos.

Um novo dia?

Hoje pareceu-me um dia completamente novo. o J. nao chorou, nao ficou triste. entrou na sala, deu-me um beijinhos e dirigiu-se aos colegas, como se o fizesse desde sempre.
Como se nunca tivessem existido os momentos de choro...
Eu, ainda surpreendida, mas feliz.
Que dure! que dure!

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Sim, também me parece um bom termo

Outro dia, depois de uma tarde cheia de correrias, disse-me o M.
- Mamã, tenho muita sede, quero água! E sabes porquê? porque andei a correr muito, transpirei e fiquei esvaziadinho de água!
:)

segunda-feira, 4 de outubro de 2010


Cada vez mais percebo que a cozinha, ou o meu gosto pelo cozinhar, é um barómetro do meu estado de alma.


Considerando os biscoitos e o rolo de carne em massa folhada de ontem e os meus planos de areias e pão-de-ló para amanhã, só posso estar mesmo bem. E estou!
Nota: Descobri este site com desenhos lindos de morrer, da Jana Magalhães. Amei:)

Às vezes é assim que eu me sinto: À procura do meu coração...
É preciso tempo para ser feliz.

Tenho aspecto de sleppy beauty, tenho?



Eu acho que nao... mas ás vezes até parece....

Domingo de Inverno


Domingo de Inverno. Coração quente ainda assim. Filmes e historias em casa da avó, com direito a pequeno almoço na cama ao acordar :). risos e abraços apertados. - Oh mamã querida... tão, tão bom, acordar com o cheiro deles.
Cozinha depois. Biscoitos de leite condensado e limão. - Mamã, tantas migalhas de limão!..., que não são migalhas, são raspas. mas podiam ser. Gosto de migalhas. daqueles restinhos de bolachas que se misturam. Mas nao de migalhas pela vida. Na vida, gosto de tudo. do principio ao fim, independentemente dos restinhos.
Depois do forno, os nosso biscoitos. bonitos e quentinhos. nós também. Dia de inverno sim. Mas nao dentro de nós...