quinta-feira, 28 de outubro de 2010


Ontem foi a tua missa do 7º dia. Igreja cheia, uma vez mais.

Perguntou-me o L. porque é que eu fui. A quem fui eu dar conforto.

A ninguém na verdade, senao a mim própria. Entrei e saí sem falar com ninguém, porque nao tinha vontade nem era o momento. Terei outros, pelo tempo que se avizinha, para o fazer.

Ontem, foi só para me confortar a mim. Porque esta tua morte dá-me cabo da alma. Parece-me, ainda, absolutamente irreal. E, de cada vez que penso em ti - o que tem sido muito, nestes ultimos dias -, é com um misto de ternura e dor que nao consigo dizer. Dor por mim, logicamente, que te perdi. Pelos teus filhos e por todas as outras pessoas que gostavam de ti mas, sobretudo, dor por ti. Que nao querias ir embora. Que nao devias ter ido embora. Sempre, sempre, com esperança. Sempre.

Lembro-me de, naquele dia em que acordaste para falarmos, já no hospital, me teres dito: Princesa, estou mais para lá do que para cá, nao estou? De eu te ter dito que nao. Que tontice a tua. Que tinhas tido uma infecção e que ias ficar bom. Levas-me para casa? nao posso, tens de ter alta primeiro. Que fazes aqui? Vai trabalhar! - disseste tu... Como se isso fosse mais importante que a nossa amizade... Tu, com tanto apego á vida. Um dia disse-te que eras um herói. E eras! E foste. Vi-te chorar uma unica vez, com medo. Logo no inicio, muito no inicio... Depois, sempre com um sorriso. Sempre com um discurso positivo, que era sempre o teu, pela vida. Das coisas, aliás, em que mais nos aproximamos, sempre. Nesse apego á vida e à boa disposição quase permanentes.


Nao tinhamos laços de sangue, eu sei. Mas tinhamos laços de amizade. De ternura e carinho imensos. Gosto de acreditar que esses laços nos unem hoje e sempre e que sentirás o meu afecto aí nas nuvens, onde te encontras.

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