domingo, 3 de fevereiro de 2008

Primas


Ontem as minhas primas de sempre, a A. e a T, com as suas respectivas meninas, C. e I., vieram visitar-me.

São as minhas companheiras mais antigas e quase todas as minhas memórias de infância as incluem. Na escola, nas férias, na rua, nas festas, nos bailaricos de aldeia, nos namoricos, até nas zangas, tenho sempre memória delas.

E agora, todas com filhos. A A., com uma já adolescente linda de 13 anos, a T. com uma bebé também linda de quase 2 anos.

A vida tem encontros e desencontros engraçados. curiosos. Eu e a T. fomos muito chegadas. Tinhamos a mesma idade, a mesma família, as mesmas saídas, as mesmas brincadeiras, os mesmos espaços. A trajectória das nossas vidas tratou de nos afastar num dado momento e, curiosamente, voltamos a encontrarmos numa sala de espera de um consultório médico, as duas grávidas, sem nenhuma das duas saber.

Desde aí não voltamos a perder o contacto. Já não dividimos saídas, nem brincadeiras, nem espaços, nem vidas, mas partilhamos memórias. Que são o que ficam de toda uma vida que passa a correr. As memórias, os instantes, os momentos, as histórias que se cruzam, os fios que se soltam, que voltam a juntar-se, as mantas de retalhos que vamos construindo sem pensar, sem saber... mas que ficam. Como numa fotografia que não se apaga.

A A., será sempre a A. da minha infância que atravessa comigo campos de milho para me levar à catequese. Que partilhava os meus pais comigo. Que muitas vezes convencia o meu pai mais depressa que eu. Que ia connosco à feira do livro, aos passeios de domingo, aos tais bailaricos de aldeia. Que não era apenas uma prima de visita em nossa casa, era da nossa casa.

Mais memórias guardadas, apesar do crescimento, do afastamento, das ditas trajectórias que se vão fazendo, mesmo sem muitas vezes uma escolha explicita.

Obrigada pela visita!

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